Prosseguindo esta série fotográfica sobre Tete, da autoria do jurista e ambientalista Carlos Serra Jr, agora com registos do desflorestamento em curso no distrito de Chifunde. Se quiser ampliar a imagem, clique sobre ela com o lado esquerdo do rato.
(continua)
3 comentários:
Caramba.
Qualquer dia ficamos sem florestas como foi o caso da Nigéria de exportador passou a importador da madeira.
Lili
Meus caros, as grandes empresas agrícolas de cereais, oleaginosas, fibras (algodão), açucar, pastagens e outras culturas, começam por elimiar completamente as árvores, em áreas que chegam aos MILHARES de hectares. Exemplo: as açucareiras de Xinavane e Maragra, conjuntamente, têm cerca de 20.000 hectares de terrenos completamente sem árvores. O regadio do Chokwé tem mais de 20 mil hectares sem árvores. Quando viajamos para África do Sul ou Swazilândia vemos a mesma coisa, milhares de hectares com bananeiras, cana de açucar, tabaco, etc… sem árvores.
Quantas árvores foram eliminadas para se fazer o Estádio do Zimpeto, Vila Olimpica e infra-estruturas envolventes? Quantas árvores, incluindo cajueiros, foram destruídas para se implantar a Nova Facim?
As fotos que têm vindo a ser postadas mostram a actividade normal do campo: perda de fertilidade dos solos = necesidade de mais área/ ou novas áreas, para produzir o mesmo, logo, algumas árvores terão, necessáriamente, que ser sacrificadas e parcialmente aproveitadas para lenha, estacas para construção, ou queimadas e as cinzas incorporadas no solo, fertilizando-o! Depois, nos solos deixados em pousio, novas árvores crescerão!
Aliás, as fotos mostram que no campo fica uma parte do tronco, o que evidencia que a preocupação é eliminar a copa para que o sol chegue as plantas que vai cultivar. Estes troncos /cepos que ficam, muitas vezes rebentam no ano seguinte.
Nesta foto podemos ver do lado direito umas “ruínas” casa abandonada, ou apenas utilizada na época de trabalhos de campo. Ao voltar a ocupar a zona, para novos trabalhos de campo, é habitual limpar-se a área para a tornar menos propensa a atrair bicharada, com destaque para as cobras. Nota-se que uma das árvores não sacrificadas, já em anos anteriores foi objecto de corte da copa (poda), para que o sol chegue ao pátio.
Queimadas: uma foto anterior aqui postada, mostra uma queimada. As queimadas são em regra controladas. O camponês só queima depois de ter colhido os molhos de capim que vai necessitar para cobrir a casa e também para venda. Atingido este objectivo, o camponês, selectivamente, em regra, queima determinadas zonas para melhor caçar os ratinhos (nalgumas zonas há os “elefantinhos”, pequenos ratos que se alimentam de formigas, por isso tem uma pequena tromba que lhes dá o nome: abertos, e fumados são um excelente petisco. Noutras zonas há as chamadas ratazanas, roedores que se alimentam de vegetais e chegam a atingir tamanhos bem superiores ao coelho, de carne excelente.
Depois, com as primeiras chuvas o capim volta a rebentar (nas zonas não aproveitadas para machamba) vêm os pequenos antípoles, os coelhos, as cangas e outros animais, OU SEJA: as queimadas são apenas um ciclo da vida rural, são em regra controladas (quando há estragos na propriedade alheia as autoridades comunitárias lá estão para a solução dos problemas, segundo os usos e costumes). Mas, naturalmente que há casos de incúria, desleixo ou mesmo de natureza criminal associados a queimadas.
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