Escrevi no número inaugural desta série que uma grande ênfase tem sido dada aos megaprojectos do país. O problema pode ser resumido assim: precisamos taxá-los, taxando-os a nossa vida melhora. Vou tentar discutir esse pressuposto com algumas mega-ideias.
Escrevi no número anterior que somos, afinal, portadores de uma mentalidade quádrupla: (1) cobradores de rendas, (2) exportadores de matérias-primas, (3) gestores de riquezas naturais e (4) empreendedores de negócios de lucro rápido e pouco risco. Amamos a circulação, não a produção. Temos a alma do capitalismo de chapa.
Para que, um pouco como na banal história da humanidade, possamos decisivamente passar da fase da recoleção para a fase da produção, é preciso que duas coisas estejam reunidas: um Estado ao serviço de uma burguesia social investindo na produção e uma burguesia ao serviço de um Estado social investindo no bem-estar dos cidadãos. Prossigo mais tarde.
Imagem reproduzida de um blogue e de uma postagem de Novembro de 2010 intitulada "Transnacionais avançam sobre Moçambique", aqui.
Escrevi no número anterior que somos, afinal, portadores de uma mentalidade quádrupla: (1) cobradores de rendas, (2) exportadores de matérias-primas, (3) gestores de riquezas naturais e (4) empreendedores de negócios de lucro rápido e pouco risco. Amamos a circulação, não a produção. Temos a alma do capitalismo de chapa.
Para que, um pouco como na banal história da humanidade, possamos decisivamente passar da fase da recoleção para a fase da produção, é preciso que duas coisas estejam reunidas: um Estado ao serviço de uma burguesia social investindo na produção e uma burguesia ao serviço de um Estado social investindo no bem-estar dos cidadãos. Prossigo mais tarde.
Imagem reproduzida de um blogue e de uma postagem de Novembro de 2010 intitulada "Transnacionais avançam sobre Moçambique", aqui.
(continua)
2 comentários:
1. COBRADORES DE RENDAS: quando alguém tem um bem, um ACTIVO, mas não tem condições financeiras para a sua exploração/ rendibilização (ex: direitos sobre recursos naturais, ou património imobiliário adquirido no processo de privatizações a preço de amendoim), tem duas hipóteses: (i) deixa caducar os direitos, no caso os recursos naturais, ou deixa deteriorar o património imobiliário, ou seja: transforma os Activos em Passivos, pois tem sempre que pagar pela manutenção e conservação dos mesmos e o que desembolsou com a sua aquisição..
Não sejamos ingénuos: nestas circunstâncias, em qualquer parte do mundo e não apenas em Moçambique, o mais racional para o INDIVÍDUO proprietário do Activo, será negociar a cobrança de uma renda, ou outra forma de participação no negócio – em regra, muito dependente de quem possa assegurar o capital financeiro imprescindível para a rendibilização dos Activos.
- É uma ilusão pensar que – em qualquer parte do mundo – as grandes fortunas se fizeram por empreendedores preocupados com a responsabilidade social! Em regra, não se distribui a riqueza: distribui-se, apenas, uma parte da SOBRAS. Raramente se vê alguém oferecer uma camisa nova a um mendigo; oferece a que já não usa. É esta a nossa maneira de fazer caridade: desfazermo-nos do que nos causa estorvo.
2. EXPORTADORES DE MATÉRIAS-PRIMAS: sempre a mesma CAUSA DE BASE, temos o ACTIVO matéria-prima, não temos o capital financeiro para lhe acrescentarmos valor. Para o INDIVIDUO, empresário, entre realizar 10 com a venda da matéria-prima e não realizar nada, por falta de capital para a sua transformação industrial: venham daí os 10!
3. GESTORES DE RIQUEZAS NATURAIS: não creio que façamos a gestão das riquezas naturais. Temos sobre elas direitos que, na falta do capital financeiro para a sua rentabilização, somos forçados a negociar com os detentores do capital e know-how. Desde a Independência Nacional que, em média, mais de 50% do financiamento do Orçamento do Estado tem sido suportados por donativos e/ou créditos concessionais. Os Estados, são como as empresas ou os indivíduos: ou têm uma “almofada financeira” para lhes garante a sobrevivência enquanto procuram melhores soluções, ou ficam nas mãos de quem tem o capital, financiadores.
4. EMPREENDEDORES DE NEGÓCIOS DE LUCRO RÁPIDO E POUCO RISCO: prioritariamente, o empreendedor procura maximizar o lucro e reduzir o risco, logo, não me parece haver qualquer mal nesta atitude, desde que, não transgrida a legislação vigente. Para lucros de longo prazo com risco elevado, é necessário “estofo financeiro”, que os nossos empreendedores não têm.
5. TEMOS ALMA DO CAPITALISMO DO CHAPA: da vontade/ do sonho à realidade vai uma longa distância. Todos gostaríamos de ter uma boa casa, um bom carro …. MAS se o capital financeiro apenas dá para a casa de “chapa”, de zinco, ou para o “chapa” Mini-bus em terceira ou quarta mão … que fazer?
FALTAM-NOS POLÍTICAS REALISTAS!!
6. ESTADO AO SERVIÇO DA BURGUESIA SOCIAL QUE INVISTA NA PRODUÇÃO: não confundamos a Burguesia (detentores e exploradores de meios de produção), com a nossa Burgesia (fundamentalmente = hábitos de consumo burgueses, não de produção, quando muito, rendeiros). O Estado tem que, fundamentalmente, definir políticas; já investiu e muito no facilitismo para o surgimento de uma Burguesia nacional parasitária.
7. UMA BURGUESIA SOCIAL INVESTINDO NO BEM-ESTAR DOS CIDADÂOS: … o nosso burguês , investe, no seu bem estar.
Enquanto nao avanca mais no tema direi que, mais do que uma burguesia, precisamos e de um pais, um sistema.
E nao, um pais e uns tanto ou quantos sistemas, regras e decisores.
Esse e que e o ponto fulcral.
E e bem curioso, porque enquanto alguns falam de activos, operacoes bolsistas e todo um mundo de sofisticacao financeira. Outros ha, senao a maioria, que se amarram ao Regulamento de Fazenda de 1901 como pedra-roseta para toda planificacao economica, orcamental e financeira de Mocambique.
Tao logico quanto discutirmos as vantagens de ter Rolls-Royces com construtores de trotinetes!
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