27 março 2011

Mal-estar na civilização (10)

"Todas as relações fixas e enferrujadas, com o seu cortejo de vetustas representações e intuições, são dissolvidas, todas as recém-formadas envelhecem antes de poderem ossificar-se. Tudo o que era das ordens sociais e estável se volatiliza, tudo o que era sagrado é dessagrado, e os homens são por fim obrigados a encarar com olhos prosaicos a sua posição na vida, as suas ligações recíprocas."
Prosseguindo a série. O ano passado, greves gerais agitaram a Europa, multidões surgiram nas ruas. Agora, multidões manifestaram-se e manifestam-se em África e no Médio Oriente. Eis seis perguntas de fundo: (1) estamos perante um mesmo tipo de crise?, (2) se sim, que tipo de crise?, (3) que tipo de actores protesta?, (4) os protestos são contra o quê e quem?, (5) quais as características dos protestos?, (6) qual o futuro dos protestos?
Quais as características dos protestos? A principal característica dos protestos foi e é uma singular combinação do digital e da rua: digital, no sentido do recurso sistemático ao celular, à internet e, neste último campo, às redes sociais como o Facebook; real, no sentido da unidade entre espontaneidade e organização sindical. Em termos de luta, há a salientar vários aspectos sobre os quais me pronunciarei oportunamente. 
(continua)
Adenda: o título é o de um livro de Sigmund Freud.

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