15 agosto 2010

Incineração da história no Brasil

"Uma comissão de sábios decidiu tocar fogo na memória dos processos cíveis do povo brasileiro". Aqui.
Nota: a independência nacional no nosso país  foi contemporânea de zelosas e gigantescas queimas de documentos coloniais.

4 comentários:

V. Dias disse...

"Uma comissão de sábios." Só isto já me deixa indignado.

Estas comissões possuem sempre um timbre político, são os cirurgiões da censura. O seu papel é destruir factos, documentos que ligam o poder ao crime.

Não é só caso apenas do Brasil e de Moçambique, Portugal, EUA, também destruiram muitos documentos da sua história. E a roleta contínua.

A sua "nota" caro professor mereceu minha atenção. Falei disso com o professor Helder Adegar Fonseca. Ele abordou o caso de Angola, lamentou a destruição do espólio nacional.

Para o professor JHS "a História sem acontecimentos é como um rosário sem contas." De facto apagar estes acontecimentos (documentos) é impedir os historiadores e demais cientistas sociais de se chegar a verdade relativa.

Mas eu tenho uma apreciação diferente, sem discordar do prof. JHS. Penso que ninguém consegue apagar a História. Ninguém.

A nossa representação, neste palco da vida, deixa marcas indelével. Os historiadores, arqueólogos que tem como missão farejar o passado acabarão por reconstituir os factos históricos talvez de forma mais verdadeira do que estariam documentados no papel.

Zicomo

Anónimo disse...

Pegando 'carona' no comentário de V.Dias, de fato todo esse esforço em produzir uma amnésia histórica seletiva (já que nem tudo é incinerado) tem, sim, tudo a ver com a relação entre crimes, injustiças e poder. Muita coisa dos tempos da ditadura (1964-85) já virou cinzas.

A história oficial é aquela escrita pelos vencedores, que selecionam os fatos que lhes interessam. Ainda espero ler algo sobre a Guerra do Paraguai e sobre as insurreições do período da chamada Regência (meados do século 19, no Brasil), escrito pelos vencidos.

Paulo; Brasil

Abdul Karim disse...

Nos nao vamos queimar nada,

Vamos mudar tudo,

E depois os historiadores e estudantes vao poder avaliar se a Mudanca foi positiva ou nao.

Mudanca com M maiusculo, como Mocambique com M maiusculo tambem.

ricardo disse...

Quando me lembro que a primeira Alfandega de Mocambique, na Ilha com o mesmo nome, tinha no seu boje preciosos manuscritos seculares, que desapareceram em cinzas na combustao de um fogareiro do guarda que fora la colocado para vigiar o espolio, tudo porque se esqueceram dele durante anos, vem-me agora um sorriso amarelo.

Cinco seculos de historia ardidos por incuria.

Ja diria alguem, sao mais temiveis e impenetraveis as pilhas de papel na mesa de um burocrata, do que toda a Muralha da China...