Os Moçambicanos são preguiçosos? (3)

"Deus chama cada um para uma vocação cujo objetivo é a glorificação de Deus. O pobre é suspeito de preguiça, a qual é uma injúria para com Deus" - João Calvino

Mais um pouco da série.

Escrevi no número anterior que a ocupação militar iniciada em 1886 deu início a uma nova era, a era das companhias e das plantações, de par com um Estado crescentemente cioso da cobrança de impostos. Foi nesse contexto - acrescentei - que o epíteto preguiça iria ser produzido e sistematicamente reproduzido.

A ocupação militar foi, essencialmente, obra de milhares de cipaios e de algumas centenas de soldados, sargentos e oficiais portugueses. Essa ocupação foi de par com a ocupação da motricidade dos corpos colonizados. Com efeito, ao modo de produção de camponeses e guerreiros foi contraposto um modo de produção que tinha nas grandes plantações e no regime de tarefas os seus eixos principais. Os documentos coloniais estão cheios de relatórios e de notas sobre o adestramento dos corpos para produzirem, por exemplo, coco, copra, sisal, algodão e açúcar. Prosseguirei mais tarde.

Já agora, a propósito de preguiça, leiam aqui um texto cujo cabeçalho é este:

(continua)

Nota: recorde uma série inacabada aqui.