Maboazuda é uma canção que celebra a dominação masculina disfarçando-a, anestesiando-a com a emoção, com o fervor entorpecente da dança.
Já aqui um dia, numa entrada, vos recordei o belo livro de Pierre Bourdieu, justamente chamado "A dominação masculina".
Tendo em conta esse livro, defendo que o problema fundamental não é que a canção de Zico seja um exercício pleno de dominação masculina: o problema está em que as mulheres que dançam a música aceitam essa dominação. Dançá-la é aceitar, interiorizar a dominação, consciente ou inconscientemente.
Mas nós temos muitas vezes a suprema e dialéctica capacidade de estarmos hoje, como mulheres, a dançar a maboazuda e, amanhã, numa sala de conferências, a exigir solenemente um papel mais amplo para a mulher dirigente.
Estou disposto ao debate.
Estamos juntos, para dizer como o Emílio Manhique!
Sonhadores, os sociólogos sempre procuraram duas coisas: as leis do social e a reforma das sociedades. Cá por mim busco bem pouco: tirar a casca dos fenómenos e tentar perceber a alma dos gomos sociais sem esquecer que o mais difícil é compreender a casca. Aqui encontrareis um pouco de tudo: sociologia (em especial uma sociologia de intervenção rápida), filosofia, dia-a-dia, profundidade, superficialidade, ironia, poesia, fragilidade, força, mito, desnudamento de mitos, emoção e razão.
3 comentários:
Olá, Fátima, não desvia não, nunca desviará. Sim, lembro-me. Oh, esta coisa do subconsciente, do eclipse da razão, tudo isso é crucial. Terei certamente de escavar melhor esse submundo. Volte sempre, por favor!
Justamente PL!
Excelentes, excelentes, excelentes questões levanta, PL! Pode fazer um pequeno artigo sobre as machine-guns para amplicar o debate aqui?
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