De uma leitora brasileira recebi por email um texto que, pela sua oportunidade, coloco em destaque neste entrada. Ei-lo:
Esta discussão não me é nova, já correram por aqui textos como os referidos por si, quase todos lúcidos e elucidativos, muitos panfletários, acerca da qualidade e do teor das músicas que da periferia surgiram e tomaram as pistas de dança da classe média, de todos os abastados. É o funk carioca que segue, em sua maior parte, por este caminho temático da música do Zico.
Como aí, antropólogos, sociológos, psicólogos, críticos de música, jornalistas, etc., estudiosos do social e do humano, todos falaram. Eu fico aqui a pensar...
Como já disseram, não haveria Zico e seu sucesso estrondoso, se não houvesse quem o aplaudisse e com ele e com seu repertório se identificasse. Eu me pergunto se uma letra que denegrisse outra categoria de pessoas, não sei, que desqualificasse uma profissão ou etnia, por exemplo, faria tanto sucesso mesmo com um ritmo irresistível. Apesar de se dançar o ritmo e não a letra, deve haver alguma identificação do público que dança com o que se ouve (letra e melodia), pois se uma delas não acontece fortemente não se adere à onda. Bem, falo por mim, pelo que sinto. Adoro dançar e ao funk carioca é mesmo difícil de resistir. Mas há letras que enojam, que nos envergonham, que nos enrubescem, que indignam. A aversão à letra por quem nela reconhece agressão, desrespeito, discriminação, etc., é natural, eu acho...Falo a partir do que há aqui, porque sequer conheço a marrabenta, muito menos o rap+marrabenta do tal Zico.
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Solicito à leitora brasileira que, em comentário, diga se respeitei o que enviou. Obrigado.
Sonhadores, os sociólogos sempre procuraram duas coisas: as leis do social e a reforma das sociedades. Cá por mim busco bem pouco: tirar a casca dos fenómenos e tentar perceber a alma dos gomos sociais sem esquecer que o mais difícil é compreender a casca. Aqui encontrareis um pouco de tudo: sociologia (em especial uma sociologia de intervenção rápida), filosofia, dia-a-dia, profundidade, superficialidade, ironia, poesia, fragilidade, força, mito, desnudamento de mitos, emoção e razão.
6 comentários:
Obrigada, professor. Está, sim, tudo de acordo com o que enviei.
Ainda bem!
Sim, perginto-me tambem o que sucederia se quisessemos faalr nas etnias mocambicanas. Um estrondo.
ABS
Gostaria de apelar a que a sociedade mocambicana nao escondece por debaixo de um problema que efectivamente acho muito pequeno (nao obstante concordar com a opiniao dos que abuminam a letra do Zico).
Este pais certamente tem problemas mais serios de serem resolvidos e que gostaria de ver a massa pensante da sociedade civil a discutir e apresentar alternativas para a sua mudanca (exemplo: criminalidade, linchamentos, desempegro, como os jovens podem ser de factos empreendedores, e muito mais).
Nao nos entretamos com coisas pequenas, mas sim por aquilo que de facto representara uma mais valia para o crescimento socio-economico deste GRANDE MOCAMBIQUE.
Avante mocambicanos. Maos a obra.
AMC
Penso que no andar em que as pessoas tentam abordar a questao de Maboazuda, daqui a pouco teremos de analisar o significado que o mesmo Cantor tenta dar a musica "Casa Dois", na qual pesno que havera uma violacao do direito a familia (quando o autor diz se a mulher zangar-se ele vai se refugiar na casa dois, porque ele paga com a nova moeada).
Naturalmente que depois de tantos argumentos apresentados (ate juridico), provavelmente os nossos cantores terao algum "medo/receio" em dizer certas coisas sob pena de "ate" um dia serem processados judicialmente.
Por isso, 'e mesmo para dizer bola para frente Mocambique.
AMC
Oh, a Casa 2...
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