08 outubro 2013

A cova não está em Muxúnguè (24)

Vigésimo quarto número da série, tendo como guia a Paz de Aristófanes, referida nesta série aqui e aqui, com base neste sumário. Prossigo no segundo número: 2. Um pouco da história das géneses, permanecendo no primeiro fenómeno dos quatro considerados aqui. 2.1. O peso da novidade política. Escrevi no número anterior que as páginas da história do nosso país a partir da independência nacional a 25 de Junho de 1975 foram escritas sob um registo político novo: o do ensaio de relações sociais diferentes. Existem dois tipos de lutas de libertação: o nacional e o social. No primeiro caso, o fundamental consiste em libertar um país do jugo colonial de uma potência estrangeira, mantendo, porém, intactas, as relações sociais de produção e distribuição. Por outras palavras: trata-se da mera substituição dos gestores estatais estrangeiros pelos gestores estatais nacionais. No segundo caso, o fundamental consiste em libertar duplamente um país, seja do jugo colonial, seja do jugo das relações sociais de produção e distribuição vigentes. Por outras palavras: trata-se da substituição dos gestores estatais estrangeiros e do modelo vigente de produção e de reprodução da vida por novos tipos de gestores, nacionais, tendo em vista a construção de uma sociedade mais solidária, menos injusta. No tocante ao pós-25 de Junho de 1975, não era apenas questão de substituir o colonizador, mas, também, o sistema social por ele produzido; importava tanto descolonizar as mentes quanto desocializar o colonialismo. Com a vossa permissão, prossigo mais tarde.
(continua)

2 comentários:

nachingweya disse...

O processo de descolonização das mentes terminou, quanto ao que me é dado ver , com o falecimento de Aquino de Bragança e Samora Machel. O primeiro no processo de sistematização intelectual de uma ideologia descolonizada e de libertação e o segundo na implementação pioneira de uma sociedade sem classes institucionalizadas.
A falta de um plano de sucessão acente em valores comumente aceites faz com que a natureza pessoal do dirigente se sobreponha ao projecto de nação de 1975. É assim que as mesmas pessoas que faziam eco de uma onda libertadora sem classes sociais hoje defendam a necessidade imperiosa de uma classe média forte. Ora, a institucionalização de uma classe média, mais do que ela própria, significa a oficialização de uma -mais alargada- classe baixa, i.e, dos pobres, a excluida. Uma classe que faz emergir os Robin Hood da historia.
PS: Conversando esta manhã a volta da mesa do café sobre as hipoteses de sucessão presidencial, um amigo veio com a mirabolante ideia de uma alternativa poder ser o porta-voz." Risos de todos os presentes"
Mas agora que estou sozinho e revendo o que aconteceu em Muxara... As vezes a gente pensa que já viu tudo quando ainda há coisas de espantar os olhos.

nachingweya disse...

A proposito de haver mais coisas para espantar os mortais: Os MiGs voltaram a rugir nos ceus de Mavalane! Durante a guerra e com suporte do pais fabricante so conseguimos os MIG 17 e MIG 19. Hoje mesmo, a escassos 3 dias do dia da Paz, estiveram a voar os poderosos MIG 21F!
Não é espantoso?
Para curar a doença e dar melhores condições de trabalho a médicos e enfermeiros não há recursos, mas para fabricar cadáveres e feridos compramos máquinas de guerra...em tempo de paz.
Servirão para guarnecer os 30 barquinhos contra algum atum mais afoito?
PS:Será que a Russia ainda fabrica os MIG 21 ou compramos nalgum ferro velho de paises da defunta URSS?