Sexto número desta série, dedicada ao estudo das reacções populares à morte do presidente norte-coreano e, em particular, de certas reacções na imprensa ocidental sobre a autenticidade das primeiras.
No quarto número coloquei a hipótese de que somos produtores de três coisas: desconfiança, territorialidade e classificação.
Já dediquei dois números à desconfiança. Entro, agora, na territorialidade.
O território que é nosso, o território no qual habitamos, o território com as suas fronteiras convencionais, é bem mais do que um território físico, bem mais do que o território de uma comunidade, de um país. É, também (talvez devesse dizer principalmente), um território cognitivo, um território de determinados costumes, de determinadas regras, de determinadas maneiras de encarar a vida, de determinados grupos e classes sociais. Por isso parece-me adequada a expressão muros sociais, anteriormente usada. Essa expressão poderia ser ampliada com estoutras: muros cognitivos, muros morais, muros de preconceitos, muros de prejuízos, muros de clichés, etc. Muros que, em sua diversidade social, são como semáforos sociais: dão licença aos nossos, vedam o acesso aos outros, aos estranhos.
Nota: confira o seguinte título disseminado por muitos portais: Cenas de desespero no funeral de Kim Jong-il. Imagem reproduzida daqui.
(continua)
4 comentários:
Ora aqui está um caminho pouco habitual nas análises sobre os "demónios" norte-coreanos.
Que o Bush colocou como "potência do mal"...
Vou ser franco, não morro de amores pela produção de santos políticos...
Disse-o um dia Arquimedes:" Dê-me um ponto de apoio e moverei o mundo." No caso, qual tem sido o ponto (o unico) de apoio autorizado dos norte-coreanos? Eis a questao, sr. Professor.
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