03 janeiro 2012

Kim Jong-il, multidões, desespero e problemas de análise (5)

Quinto número desta série, dedicada ao estudo das reacções populares à morte do presidente norte-coreano e, em particular, de certas reacções na imprensa ocidental sobre a autenticidade das primeiras.
No número anterior falei-vos dos muros sociais. Esse muros são habitados - escrevi - pela desconfiança. Desconfiança accionada, também, por códigos culturais historicamente criados e enraizados. A este propósito, o antropólogo francês Claude Lévi-Strauss deu conta num dos seus livros do que chamou "anedota simultaneamente barroca e trágica", a saber: nas Grandes Antilhas, alguns anos após a chegada à América, enquanto os espanhóis enviavam equipas de investigação com a tarefa de apurarem se os habitantes locais tinham ou não alma, estes dedicavam-se a afogar espanhóis feitos prisioneiros para descobrirem se os cadáveres estavam ou não sujeitos à putrefacção.
Nota: confira o seguinte título disseminado por muitos portais: Cenas de desespero no funeral de Kim Jong-il. Imagem reproduzida daqui.
(continua)

3 comentários:

Salvador Langa disse...

Caramba Professor, que "anedota".

TaCuba disse...

Veja-se aqui no país como cada etnia chama às outras...

ricardo disse...

Absolutamente correcto. A desconfianca mutua e o maior dos problemas da peninsula coreana. Mas ela tem fundamentos solidamente arreigados na historia das relacoes entre as duas Coreias.

E devo dize-lo. Ninguem e inocente!