03 abril 2009

Notas sobre xenofobia (3)

Vamos lá prosseguir um pouco mais esta série.

Defendo que o quadro anteriormente apresentado, da autoria de Michel de Certeau, é muito rico. Formar um grupo é criar, ao mesmo tempo, estrangeiros. Lembram-se?
Mas esse quadro de nada servirá se não for determinado. Com efeito, o efeito semáforo (o verde para os nossos, o vermelho para os outros) só tem validade caso entrem em jogo as infra-estruturas sociais que produzem e reproduzem pelo imaginário a unidade interna face ao outro, ao exterior, ao distante, ao desconhecido, ao atemorizante.
Não somos nós face a outros em si, não nascemos nós contrapostos a outros em si, não há uma substância ab initio chamada xenofobia. É na interacção social e na disputa de determinados recursos que produzimos e reproduzimos o que Certeau chamou lei do grupo. E toda a lei do grupo é, ao mesmo tempo, excludente.
(continua)

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