Ora, os sindicatos mostraram que esse aumento não vai, uma vez mais, resolver as necessidades básicas dos trabalhadores. Um porta-voz da Organização dos Trabalhadores de Moçambique, Francisco Mazoio, afirmou há dias que apesar do aumento "ainda existe uma distância muito grande entre o ideal e o possível, visto que o cabaz para uma família de cinco pessoas está avaliado em 3700 MTn (3.7 milhões de MT), sem tomar em consideração outras despesas com a Educação, Saúde, Transporte, etc. Segundo Mazoio, os trabalhadores vão continuar a viver em condições difíceis.
E assim temos que é magra a possibilidade de os trabalhadores fazerem face não só à sua própria subsistência, quanto à subsistência dos familiares. Para usar os termos de Marx, estão incapazes de "perpetuar a raça dos trabalhadores".
Lembrei-me do que sucedeu em Moçambique a partir dos anos 60, depois que a Frelimo se formou e a luta de libertação nacional começou. Um bocado por todo o lado, o governo colonial procurou melhorar as condições salariais e alimentares dos trabalhadores rurais. Tive ocasião de estudar esse fenómeno nas plantações da Zambézia. O problema não era apenas pagar um salário, mas, também, saber o que deviam comer os trabalhadores para que pudessem trabalhar melhor. Confrontado com a luta de libertação, o governo colonial procurou equilibrar a composição orgânica da política, melhorando as rações alimentares com quotas diárias de proteínas, vitaminas e sais minerais, quotas que figuravam em determinações administrativas, determinações que eram acompanhadas de inspecções mensais aos locais de trabalho e à qualidade dos alimentos.
Mas, ao contrário do que propunha uma clássica canção do nosso cancioneiro revolucionário, agora "vamos esquecer o tempo que passou".
Este tempo é o da produção da mais-valia sem ressaibos de consciência.
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