Publico uma crónica do jornalista Arune Valy, da Rádio Moçambique, que acabei de receber:
"Murmurar dos Manyungwes
É triste ver, sentir, ouvir e ficar impávidos e serenos, quer dizer sem tossir e nem mugir.
É o que está a contecer com os manyngwes na cidade de Tete onde tudo se faz ante um olhar lacrimoso de quase todos.
Estive lá, mais uma vez, vi e ouvi coisas. Vi com gosto o arrumamento das vendedeiras de hortícolas no mercado à beirinha do Zambeze, vi o pavilhão polivalente do município, pela primeira vez na história daquela cidade, há um local coberto para jogos de salão, vi a construção de habitações a urbanizar o bairro M’pádwe, uma unidade residencial que estava virada ao estilo de vida rural.
Também, vi coisas esquizitas ante o murmurar silencioso dos manhungwes, meus pares como dizem os deputados.
Não é que, então, me constou que os accionistas maioritários do Kudeka, o maior e único cinema ao ar livre em Moçambique e quiçá da África Austral, com cadeiras da mais preciosa madeira de Tete, vai ser domolido para dar lugar a um hotel 5 estrelas? Ví os escombros irreconhecíveis do que foi o primeiro hotel da então vila de Tete, que depois albergou a tropa colonial do comando sector-F e mais tarde virou Direcção Provincial de Educação e Cultura. Isso, entre outras coisas feias, disseram os meus conterrâneos que está a acontecer e que com muita pena vêem e nada podem fazer para impedir e nem ninguém mexe uma palha.
Custa, se de facto isso for real, aceitar que o Cine-Esplanada Kudeka vai morrer.
No Kudeka, o tal que vai dar lugar a um hotel, cantou Zeca Afonso a sua “Grândola Vila Morena”, canção do 25 de Abril, ali actuou o grupo RM, passou lá a Miriam Makeba, o John Chibhadura, passaram os Kem Boys e um infinito número de espectáculos. Alí onde em publicidade o Sauzande Jeque disse que era “onde o calor não encontra morada”, para hoje se dizer que vai para o lixo?
A cidade de Tete tem muitos lugares para hotéis, por quê logo destruir uma grande história inaugurada na nossa independência nacional?
Outro caso tem a ver com as bombas de combustível, que vão sendo construídas como que “nas varandas” da poluição e não se está a pensar que estas coisas podem provocar os sempre lamentáveis incidentes.
Ante tudo isso e mais não sei o quê, os manhungwes só murmuram e nada fazem se não cochichar em surdina. Vamos lá meus amigos e conterrâneos fazer mais alguma coisa útil a nós!
Maio/07
É triste ver, sentir, ouvir e ficar impávidos e serenos, quer dizer sem tossir e nem mugir.
É o que está a contecer com os manyngwes na cidade de Tete onde tudo se faz ante um olhar lacrimoso de quase todos.
Estive lá, mais uma vez, vi e ouvi coisas. Vi com gosto o arrumamento das vendedeiras de hortícolas no mercado à beirinha do Zambeze, vi o pavilhão polivalente do município, pela primeira vez na história daquela cidade, há um local coberto para jogos de salão, vi a construção de habitações a urbanizar o bairro M’pádwe, uma unidade residencial que estava virada ao estilo de vida rural.
Também, vi coisas esquizitas ante o murmurar silencioso dos manhungwes, meus pares como dizem os deputados.
Não é que, então, me constou que os accionistas maioritários do Kudeka, o maior e único cinema ao ar livre em Moçambique e quiçá da África Austral, com cadeiras da mais preciosa madeira de Tete, vai ser domolido para dar lugar a um hotel 5 estrelas? Ví os escombros irreconhecíveis do que foi o primeiro hotel da então vila de Tete, que depois albergou a tropa colonial do comando sector-F e mais tarde virou Direcção Provincial de Educação e Cultura. Isso, entre outras coisas feias, disseram os meus conterrâneos que está a acontecer e que com muita pena vêem e nada podem fazer para impedir e nem ninguém mexe uma palha.
Custa, se de facto isso for real, aceitar que o Cine-Esplanada Kudeka vai morrer.
No Kudeka, o tal que vai dar lugar a um hotel, cantou Zeca Afonso a sua “Grândola Vila Morena”, canção do 25 de Abril, ali actuou o grupo RM, passou lá a Miriam Makeba, o John Chibhadura, passaram os Kem Boys e um infinito número de espectáculos. Alí onde em publicidade o Sauzande Jeque disse que era “onde o calor não encontra morada”, para hoje se dizer que vai para o lixo?
A cidade de Tete tem muitos lugares para hotéis, por quê logo destruir uma grande história inaugurada na nossa independência nacional?
Outro caso tem a ver com as bombas de combustível, que vão sendo construídas como que “nas varandas” da poluição e não se está a pensar que estas coisas podem provocar os sempre lamentáveis incidentes.
Ante tudo isso e mais não sei o quê, os manhungwes só murmuram e nada fazem se não cochichar em surdina. Vamos lá meus amigos e conterrâneos fazer mais alguma coisa útil a nós!
Maio/07
Arune Valy"
2 comentários:
O que vai ficar e um dia contarmos estorias de "era uma vez" aos nossos filhos e netos. Esta e a tal questao de apgarmos a nossa historia e nao sentirmos remorsos. E depois vai-se dizer que os miudos andam perdidos sem referencias. Nao espanta que depois alguem pergunta que tradicao?
O dinheiro de facto faz girar o mundo. Quanto e que o municipio fica a ganhar? Tambem nao vai_me espantar se algum troco parar na conta de algum vereador> LembramO que vai ficar e um dia contarmos estorias de "era uma vez" aos nossos filhos e netos. Esta e a tal questao de apgarmos a nossa historia e nao sentirmosO que vai ficar e um dia contarmos estorias de "era uma vez" aos nossos filhos e netos. Esta e a tal questao de apgarmos a nossa historia e nao sentirmosO que vai ficar e um dia contarmos estorias de "era uma vez" aos nossos filhos e netos. Esta e a tal questao de apgarmos a nossa historia e nao sentirmos remorsos?
O dinheiro de facto faz girar o mundo. Quanto e que o munincipio vai ganhar? Nao hei-de me espantar se algum troco cair na conta de um vereador. Lembram-se quando quiseram transformar o mercado Central num hiper-mercado?
É TAMBÉM O PROBLEMA DUMAS PALAVRAS TÃO MÁGICAS E QUE A LUÍSA DIOGO E MANUEL CHANG gostam tanto de pronunciar: investimento, seja ele estrangeiro ou nacional.
Não se coibem em derrubar um santuário, desde o momento que dele se erga um supermercado que vai "criar empregos directos e indirectos". Coisa de pobres mentais. Outros até advogam "modernidade" ou avanço à custa da história e da memória colectiva. Como dizia no post anterior, do ponto de vista turistico e economico, mesmo de gestão, mesmo que o tal Hotel fosse construido em Chingodzi (agora já estico a distância que separa o centro da cidade. Chingodzi é a zona onde está localizado o aeroporto, muito longe do centro da cidade), desde o momento que os serviço oferecidos por este hotel fosse competitivos, não haveria problema.
Mas quando querem derrubar Kudeka, aí sim temos um problema.
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