03 outubro 2016

O não na Colômbia

Um referendo invalidou um pacto de paz com 297 páginas assinado em Havana entre o governo da Colômbia e a guerrilha da FARC, confira aqui.
Adenda: falta agora saber por que razão ou por que razões o não venceu o sim, ainda que por pequena margem e com um nível de abstenção elevado, após uma guerra que dura há 52 anos e já fez 260 mil mortos e 6,9 milhões de deslocados.
Adenda 2 às 17:44: leia este texto aqui.
Adenda 3 às 17:52: as vítimas votaram pelo sim segundo este texto aqui.

2 comentários:

ricardo disse...

O senso comum leva-me a concluir e tempo suficiente para nascerem tres geracoes de colombianos para quem a guerra contribuiu negativa ou positivamente em suas vidas. O lado negativo e sem duvida a classe de descamisados urbanos por conta do exodo rural criado pela guerrilha, mas tambem, pela ascensao do florescente trafico de estupefacientes, do qual a propria guerrilha se sustentou, perdendo-se a ideologia num mar de contradicoes.

Do lado positivo, temos uma classe media-alta que se consolidou a volta do poder securitario e se estabeleceu como cultura de governacao que foi, por conta de uma bem oleada maquina de propaganda mediatica, catequizando a classe media-baixa, o que tambem foi facilitado pelo recrudescimento de guerrilha urbana e actos bombistas indiscriminados, onde muitas vezes era impossivel distinguir a guerrilha, os paramilitares ou o trafico. E pior ainda, a percepcao popular de que todos afinal convergem no que tange a acumulacao de riqueza individual ou de grupo.

Finalmente, havia a conviccao por parte deste ultimo ultimo grupo de que as FARC estavam militarmente derrotadas e que era uma questao de tempo uma capitulacao tipo UNITA. Porem, como a historia ensina, nos 52 anos anteriores, varias foram as vezes em que se disse isso...

Perante os factos, e muito facil agora invocar os papoes do tempo de Camilo Torres e assim crispar ainda mais o tenue entendimento entre as partes.

Por ultimo, dizer que muitas mais Colombias havera por este mundo fora, inclusive em Mocambique, Guine-Bissau ou Angola. Afinal, assim e a historia da humanidade. Pois nao se pode dizer que as democraticas sociedades avancadas contemporaneas se tenha primado por actos formais de sufragio universal. Antes pelo contrario.

Nem tudo que reluz e ouro.

ricardo disse...

Uma analise latino-americana (mais proxima daquela realidade): https://xadrezverbal.com/2016/10/02/a-colombia-diz-nao-para-o-acordo-com-as-farc-primeiras-conclusoes