15 outubro 2016

A esperança moçambicana

Desalento, inquietação, medo e cólera parecem ocupar partes significativas da vida de vários grupos sociais do país, se tomarmos como fontes os jornais e as redes sociais físicas e digitais. Essas fontes revelam um conjunto múltiplo da fracturas na esperança de um futuro habitado pela confiança e pelo bem-estar. Essas fracturas parecem tornar as pessoas porosas a todo o tipo de informação e notícia que projecte estereótipo, violência e escândalo com formatos múltiplos e cuja origem e veracidade não estão ou não podem ser facilmente confirmadas. O boato - espontâneo ou intencionalmente provocado - encontra aí o húmus adequado para se enraizar e multiplicar rapidamente. Cria-se um mundo lábil com o irreal substituindo o real a cada momento: o que parece ser é, o que não se viu viu-se, o que não aconteceu aconteceu, o que não é verdadeiro é verdadeiro. Diversos planos simbólicos dão-se mãos alimentados pelo cliché, pelo diz-que-diz, pela falácia, pela acusação fácil, pela destruição de carácter, pelo escárnio, pela hostilidade, pela busca desenfreada de bodes expiatórios, pelo ódio, pela agressão. A morte tornou-se banal, espraiando-se liquidamente. Enquanto isso, neste país alotrópico, surgem de todos os lados especialistas e analistas com as suas caixas de ferramentas analíticas cheias de causas e de curas sociais. E surgem também, com as suas vozes generosas, os proponentes de pazes milagrosas. Mas quanto mais se analisa, se propõe e se prega em cima, menos se crê em baixo.  Então, muito provavelmente precisamos de inventar a invenção, carecemos de um novo tipo de vida e de sociabilidade, certamente haverá que produzir um real diferente cujo inquilina seja, em absoluto e para sempre, a esperança moçambicana.

1 comentário:

nachingweya disse...

Os sistemas determinam o comportamento das pessoas que fazem parte dele.
Moçambique precisa de uma liderança livre dos pecados de que enfermam os moçambicanos. Uma liderança sem compromissos escusos que tal um Samora saísse de peito aberto ensinar-nos que roubar é crime com o ladrãozinho à frente do seu dedo indicador direito.