Muitos de nós fomos educados a pensar numa só direcção, a silenciar as bifurcações, a punir na alma os demónios da dúvida e da diferença. Mais: fomos educados no secretismo, a esconder a crítica frontal, os olhos-nos-olhos. Divergir e, ainda por cima, fazê-lo publicamente, pode ser entendido como falta de respeito, como procedimento não africano.
Sonhadores, os sociólogos sempre procuraram duas coisas: as leis do social e a reforma das sociedades. Cá por mim busco bem pouco: tirar a casca dos fenómenos e tentar perceber a alma dos gomos sociais sem esquecer que o mais difícil é compreender a casca. Aqui encontrareis um pouco de tudo: sociologia (em especial uma sociologia de intervenção rápida), filosofia, dia-a-dia, profundidade, superficialidade, ironia, poesia, fragilidade, força, mito, desnudamento de mitos, emoção e razão.
1 comentário:
O secretismo das nossas coisas é o que mais parece contrariar a transparência dos nossos negócios.
A nossa História reza que o Arquitecto da Unidade Nacional perdeu a vida no seu escritório em Dar-es-Salam ao accionar uma bomba disfarçada num livro enviado por correio. 30 anos depois alguém desmentiu a história com factos que deslocam o local da explosão.Não sei se mantém o livro da História ou se há outra história do livro.
Ainda que não conclusiva, houve uma investigação sobre o despenhamento do avião de Samora com uma comissão de inquérito nacional dedicada. O que se divulgou? Quase nada.
Sabemos hoje que o Acordo Geral de Paz tem clausulas que só poucos vivos conhecem. Porque e o que ficará para historia?
A própria reversão da Cahora Bassa- a nossa segunda independencia- não totalmente aberta. Porque?
Dá impressão que há sempre um trapinho que não convém à luz do dia. E quando é assim a mínima opinião desunânime torna-se a voz do inimigo que suspeita ou sabe do trapo. Desafina o coro e deve ser expurgado.
Mas pode não haver maldade no nosso secretismo, apenas o medo do feiticeiro.
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