Um texto admirável para estudo da ideologia: "Se os tubarões fossem homens, perguntou a filha de sua senhoria ao senhor K., seriam eles mais amáveis para com os peixinhos? (...) Certamente, respondeu o Sr. K. (...) O mais importante seria, naturalmente, a formação moral dos peixinhos. Eles seriam informados de que nada existe de mais belo e mais sublime do que um peixinho que se sacrifica contente, e que todos deveriam crer nos tubarões, sobretudo quando dissessem que cuidam de sua felicidade futura. Os peixinhos saberiam que este futuro só estaria assegurado se estudassem docilmente." - extracto de uma parábola escrita um dia por Bertolt Brecht intitulada "Se os tubarões fossem homens", aqui.
Sonhadores, os sociólogos sempre procuraram duas coisas: as leis do social e a reforma das sociedades. Cá por mim busco bem pouco: tirar a casca dos fenómenos e tentar perceber a alma dos gomos sociais sem esquecer que o mais difícil é compreender a casca. Aqui encontrareis um pouco de tudo: sociologia (em especial uma sociologia de intervenção rápida), filosofia, dia-a-dia, profundidade, superficialidade, ironia, poesia, fragilidade, força, mito, desnudamento de mitos, emoção e razão.
1 comentário:
O cardume social através de uma lupa! Excelente.
PS: Do jornal Notícias de hoje, 31 de Maio, consta um artigo de opinião de Eliseu Bento que deixou perplexo. O artigo critica o apego dos malawianos à sua língua, o chichewa, em prejuízo do inglês, chegando a sugerir a introdução do ensino do português naquele país por razões de natureza geográfica.
Perplexo porque mesmo aqui no nosso país está em curso um titânico esforço (quanto a mim insustentável à partida) de introdução do ensino bilingüe nas escolas.
Perplexo porque há casos de sucesso na cultura das línguas nacionais como sejam o swahili na Tanzânia, lenia e Uganda onde ciências como a aritmética já são ensinadas nesse idioma; dos Shona e Ndebele no Zimbabwe que mercê do seu espaço no ensino são utilizadas como veículo de comunicação por pessoas de diferentes raças; e do próprio chichewa ( uma das línguas mais faladas na África Austral) no Malawi, Zambia, Moçambique e África do Sul.
Daí talvez que a par do Sueco, do Swahili , Francês, do Shona, do inglês, russo e outras, o Chichewa seja uma das línguas que o Google usa para o seu trabalho.
Se o Eliseu Bento estiver a reclamar a postura dos malawianos em relação a pessoas não falantes da sua língua isso é outro assunto. Contudo similar à postura de muitos falantes de shangane e ronga em Maputo quando se dirigem a pessoas de raça negra, regra geral.
Concordo com as Nações Unidas quando exalta a língua nacional, qualquer que seja
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