Depois que a Frelimo se formou em 1962, um bocado por todo o nosso país o governo colonial procurou melhorar as condições salariais e alimentares dos trabalhadores rurais. Tratou-se de uma resposta claramente política. O problema não era apenas pagar um salário, mas, também, saber o que deviam comer os trabalhadores para que pudessem trabalhar melhor. Confrontado com a luta de libertação nacional, o governo colonial procurou equilibrar a composição orgânica da política, melhorando as rações alimentares com quotas diárias de proteínas, vitaminas e sais minerais, quotas que figuravam em determinações administrativas, determinações que eram acompanhadas de inspecções mensais aos locais de trabalho e à qualidade dos alimentos, como por exemplo aconteceu na Zambézia. A partir dessa altura, relatórios coloniais começaram a mostrar que a preguiça dos colonizados era, afinal, devida à má alimentação e às doenças. Face àqueles que, hoje, sistematicamente afirmam que os Moçambicanos são preguiçosos, seria oportuno fazer um estudo sobre as condições de trabalho dos operários moçambicanos, por exemplo, sobre o que comem em casa e nos locais de trabalho, sobre as doenças que eventualmente os afectam, etc.
Sonhadores, os sociólogos sempre procuraram duas coisas: as leis do social e a reforma das sociedades. Cá por mim busco bem pouco: tirar a casca dos fenómenos e tentar perceber a alma dos gomos sociais sem esquecer que o mais difícil é compreender a casca. Aqui encontrareis um pouco de tudo: sociologia (em especial uma sociologia de intervenção rápida), filosofia, dia-a-dia, profundidade, superficialidade, ironia, poesia, fragilidade, força, mito, desnudamento de mitos, emoção e razão.
1 comentário:
O menu do Self (restaurante oficial e histórico da Universidade Eduardo Mondlane) coincidia até cerca de 1980 com o Decreto colonial para alimentação dos trabalhadores rurais para garantir o mínimo de proteínas necessário a um desempenho escolar socialmente consequente.
Depois o menu deteriorou e o rendimento escolar também.
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