26 junho 2013

Muxúnguè/Save: teses do suppuku político

Os acontecimentos do Centro do País - espécie de pequeno pesadelo escapado do baú da guerra de 1976/1992, como escrevi aqui ontem - têm dado origem a várias teses.
Uma dessas teses, corrente em certos blogues do copia/cola e em comentários nas redes sociais, pode ser enunciada assim: os assaltos no troço Save/Muxúnguè são obra da Frelimo destinada a culpar a Renamo e a adiar as eleições.
Por outras palavras: um partido fortemente apostado em manter certa e permanente a presença do Capital nacional e internacional como é a Frelimo, um partido gestor do Estado que montou a máquina eleitoral, está a ferir-se a si mesmo, está a pôr em causa os interesses ligados à presença do Capital, está, finalmente, a fazer o que faziam os antigos samurais: comete seppuku, esventra a sua própria barriga. Mas, coisa estranha, neste caso, sem culpa formada, sem honra envolvida, como se refém da síndrome da mão alheia.
Uma outra tese, também surgida em certos blogues e redes sociais, pode ser enunciada assim: os assaltos no troço Save/Muxúnguè são obra de meros bandidos armados, não da Renamo.
Por outras palavras: um partido com larga experiência de guerra no passado como é a Renamo, autor sistemático de promessas de regresso à guerra e com um perímetro de segurança publicamente dado a conhecer não há muito tempo, está a ferir-se a si mesmo, está a pôr em causa os seus créditos castrenses, está a mostrar que meros predadores de estrada podem actuar no seu perímetro sem que ele descubra e actue, está, finalmente, a fazer o que faziam os antigos samurais: comete seppuku, esventra a sua própria barriga. Também neste caso sem culpa formada, sem honra envolvida, como se refém da síndrome da mão alheia.

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