Comemora-se hoje o 37. º aniversário da independência do nosso país, hoje é um dia de festa e devemos estar orgulhosos. Porém, julgo bom recordar que para Eduardo Mondlane, autor da obra "Lutar por Moçambique", a libertação nacional não significava a simples expulsão dos Portugueses, mas a reorganização da vida nacional em todas as frentes, reorganização que permitisse ao povo obter um nível de vida "tolerável" (sic), aí compreendida a possibilidade de participar no governo. Um dos pensamentos de Mondlane era o de que, para se obter o que chamou "progresso económico e social em largas bases", era indispensável "eliminar as forças económico-sociais que favorecem as minorias", que favorecem os "grupos africanos privilegiados", era necessário evitar "a concentração de riqueza de serviços em pequenas áreas do país e nas mãos de poucos" (Mondlane, Eduardo, Lutar por Moçambique. Lisboa: Livraria Sá da Costa Editora, 1976, 2.ª ed.ª, pp. 181-219, 248-251; diálogos meus em 1978/1981 com Aquino de Bragança).
Sonhadores, os sociólogos sempre procuraram duas coisas: as leis do social e a reforma das sociedades. Cá por mim busco bem pouco: tirar a casca dos fenómenos e tentar perceber a alma dos gomos sociais sem esquecer que o mais difícil é compreender a casca. Aqui encontrareis um pouco de tudo: sociologia (em especial uma sociologia de intervenção rápida), filosofia, dia-a-dia, profundidade, superficialidade, ironia, poesia, fragilidade, força, mito, desnudamento de mitos, emoção e razão.
8 comentários:
Congratulations, Mozambique !
Era construir um Homem Novo...
Os triunfalismos são sempre maus.
"eliminar as forças económico-sociais que favorecem as minorias", que favorecem os "grupos africanos privilegiados"
Estou a pensar na recente entrevista do Sr Filipe Paunde que advoga a riqueza de moçambicanos 'genuinos' (não sei qual o valor de genuino no contexto) enquanto Mondlane, sempre mais modesto, ainda luta pelo bem estar do povo moçambicano numa base alargada.
Parabéns Moçambique.
Sr. Nachingweya nao sabe, ou receia saber?
Pois aqui vai. Genuinos = Negros, membros da elite politica da FRELIMO e seus associados politicos, economicos e/ou sociais.
Ou seja, o nosso "black empowerment". Porque os "outros" fazem tiro ao alvo e ajustam "contas". Ou sao ajudados a ajustar.
Fui claro?
Ricardo!
Você foi absolutamente genuíno no seu comentário. O nosso Black empowerment tem mais tons de Black Racism.
É nestes moldes que se divide para reinar.
Kanimbambo
De um moçambicano 50% genuíno
Nao sei se 'e "Black Empowerment" ou racismo, eu pessoalmente acho que 'e dinheiro.
O "Black Empowerment" no conceito sul-africano, considerava o que Mondlane também considerava "progresso económico e social em largas bases", era indispensável "eliminar as forças económico-sociais que favorecem as minorias",
E me parece que os "Moçambicanos Genuínos" sao a maioria dos que sofrem do "Black Empowerment Moçambicano".
Aqui me parece uma tendência de usar a "genuinidade" para justificar um "Black Empawerment Mocambicano" que esta trazer o mesmo resultado do "black Empwerment Sul- Africano"...
Agora o problema 'e que "alguns" estão ja demasiado "Empowered", e assim sendo, fica difícil para os "Nao -Empowered" influenciarem uma mudança de atitude dos "Empowered" e ainda muito difícil "gerir" uma possível "convulsão" dos "Nao- Empowered".
Estamos numa situação que acredito difícil, e recomenda-se uma reflexão profunda.
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