Se despojado da aparência onde desaguam, muitas vezes, os desacordos técnicos sobre o que devia ou não ser, o conceito de descentralização municipal guarda uma enorme disponibilidade secreta e oficial para mostrar que a descentralização só surge quando decretada, estabelecida de cima, o que, em última análise, significa que os actores de baixo são incapazes, eles-próprios, de se descentralizarem no sentido de serem autónomos, de serem sujeitos, de serem produtores de permanente historicidade. Porém, não raras vezes, são os actores de baixo os primeiros a reverenciar a centralização, a pedir a mão de cima, a exigir um pai, um centro de comando, uma tutela permanente.
Sonhadores, os sociólogos sempre procuraram duas coisas: as leis do social e a reforma das sociedades. Cá por mim busco bem pouco: tirar a casca dos fenómenos e tentar perceber a alma dos gomos sociais sem esquecer que o mais difícil é compreender a casca. Aqui encontrareis um pouco de tudo: sociologia (em especial uma sociologia de intervenção rápida), filosofia, dia-a-dia, profundidade, superficialidade, ironia, poesia, fragilidade, força, mito, desnudamento de mitos, emoção e razão.
3 comentários:
Ora aqui está uma realidade.
Tem gente que gosta de comandantes...
Parece-me ser uma especie de 'mind set'institucionalizado a centralização. Vejam que aquele quartel dos Bombeiros na Eduardo Mondlane é o único público desde a Ponta do Ouro até, pelo menos, o Distrito de Zavala!
A piramide da centralização está também invertida; Vemos que ao nível provincial as direcções respondem a 2, as vezes 3 Ministérios onde o sr Ministro com 1, por vezes 2 ou 3 Vices, SP, e diversos directores nacionais dirimem os assuntos de um portofolio apenas. Nâo seria mais lógico concentrar a nível central e especializar a nível local?
Tomemos o Gabinete Central de Combate a Corrupção; institucionalmente é apenas aquele bloco de escritórios centrais virados para baia... enquanto a corrupção floresce no terreno. Como funciona no resto do país? Até há pouco tempo tinha 3 números de telefone em Nampula e 3 na Beira.
Oe orçamentos e a distribuição de pessoal competente também seguem este 'mind set', daí que alguma coisa só funcione quando emana da Nação.
O médico quando ainda não sabe muito é atirado para o distrito onde, com o maior grau de autonomia,começa a exercer sem nenhum mentor mais especializado. Sem nenhuma critica porque a esse nível o seu é o saber supremo.
Depois do que lá acontece centraliza-se, volta para a Nação.
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