Herdámos, alguns de nós, a convicção colonial de que os Africanos não têm história, de que são mera modalidade de natureza, exercício de tradições imutáveis.
Quanto mais o grande Capital internacional explorar as nossas riquezas e nós nos empenharmos no fomento do turismo, mais robusta será a associação naturalizada entre pessoas, bichos e natureza.
Percurso que operará na glorificação folclórica das tradições, tidas por eternas, perversamente evacuadas de tudo o que é história, mutação e futuro.
Percurso que terá ainda pé sólido na glorificação da fauna, do mundo fabuloso dos animais, dos leões, dos peixes, dos hipopótamos, etc.
Receio que o nosso destino seja o de um lugar elitário, um céu na terra, um “bush and beach” paradisíaco, uma “meca do safari e do mergulho” como, por exemplo, escrevia o Washington Post em 2008.
Quanto mais o grande Capital internacional explorar as nossas riquezas e nós nos empenharmos no fomento do turismo, mais robusta será a associação naturalizada entre pessoas, bichos e natureza.
Percurso que operará na glorificação folclórica das tradições, tidas por eternas, perversamente evacuadas de tudo o que é história, mutação e futuro.
Percurso que terá ainda pé sólido na glorificação da fauna, do mundo fabuloso dos animais, dos leões, dos peixes, dos hipopótamos, etc.
Receio que o nosso destino seja o de um lugar elitário, um céu na terra, um “bush and beach” paradisíaco, uma “meca do safari e do mergulho” como, por exemplo, escrevia o Washington Post em 2008.
3 comentários:
O que mais perturba é que isto até seja um dos paradigmas de desenvolvimento a nível de governação.
Somos reserva de matérias primas, mercado de quinquilharias e bens usados e ainda "a meca do safari e do mergulho"!
Dizia-me ontem, pelos lados de Goba, um velho local que se exprime mais facilmente em inglês que português:" you must accept slavery before you can stand by yourself", a proposito dos agricultores boer que, literalmente, estão a tomar a albufeira dos Pequenos Libombos pela margem esquerda desde a barragem até a a vila de Goba, para produzir banana. A troco de um posto de saúde.Kilometros e Kilometros de terra irrigável a troco de um posto de saúde!
Todos os homens nascem livres? O velho, ontem, disse-me que não; que existe uma classe de escravatura voluntária a que não se pergunta se deseja ser livre. É o Neocolonialismo tal como concebido: fazer da Áfria fonte de matérias-primas e centro de consumo de produtos acabados.
Quando mergulhamos nem sequer pensa mos no futuro.
Mas, honestamente professor, temos mesmo algo para oferecer? Nem somos capazes de escrever a historia de Maputo, ou se somos, ninguem a compra... Já se for escrita por alguem la do norte ou com algumas origens do norte... ela é imediatamente aceite... O que mais temos para oferecer... E se for a ver quem oferece... entao cai de costas. Se fosse um Marrengula, Manhiça ou Murrirricho... Mas será um Smith, o Alves ou outro apelido... isso é triste, mas é a verdadeira realidade nacional... NB. Nao é uma critica, mas uma constatação minha. Pode estar errada!
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