Expectativa nas cidades de Maputo e Matola, na margem de um fim-de-semana. Os meus contactos disseram-me que aguardam saber dos amigos e conhecidos como estão hoje as coisas. Procurarei manter-vos informados.
Adenda 4 às 7:06: informe acabado de receber sobre Maputo: "Cidade calma, pouca gente na rua, muitos poucos chapas, acredito que poucas instituições abrirão as portas sem pessoal, as aulas que eu hoje tinha na universidade foram canceladas esta manhã".
Adenda 5 às 7:11: os TPM retomaram a circulação.
Adenda 6 às 7:21: "Os céus de Maputo acordaram cinzentos, um pouco nublados, mas sem nenhuma manifestação popular registada na cidade ou província desde a noite desta quinta-feira. 42 autocarros dos Transportes Públicos Urbanos, TPM, estão a operar desde as primeiras horas desta sexta-feira sem necessidade de escolta policial e existe indicação que durante o dia mais autocarros estarão a operar nas várias rotas."
Adenda 7 às 7:25: "No dia em que Hélio não voltou para casa" e "Editorial: quando o povo mandou nos senhores".
Adenda 8 às 7:35: dificuldade para encontrar uma bomba de combustível aberta.
Adenda 9 às 8:02: comentário de um leitor: "A manifestação não é somente das pessoas que estão nas ruas; o grosso faz uma greve silenciosa e diplomática ficando em casa protestando."
Adenda 10 às 8:04: falta de chapas em muitas zonas, por exemplo na Zona Verde/Benfica.
Adenda 11 às 8:30: vários aumentos de preços num curto espaço de tempo, em meio a uma crescente dificuldade de sobrevivência diária para muitas pessoas. Terá quem os decidiu e mandou aplicar tido consciência desse enorme fardo multiplicado?
Adenda 12 às 8:57: comentário de um leitor, há momentos - "Pro. desta a zona da D. Alice até ao centro da cidade não vi nenhuma unidade da PRM ou Exército. Será bom sinal?"
Adenda 13 às 8:59: TPM circulam, chapistas parece estarem receosos ainda.
Adenda 14 às 9:41: de um jornalista de passagem por Chimoio: "Chimoio acorda tenso, lojas fechadas, polícias nas ruas."
Adenda 15 às 9:44: No "Canal de Moçambique" online: "A Amnistia Internacional instou ontem a polícia moçambicana a não usar munições letais para dispersar as manifestações violentas que estão a ter lugar na capital Maputo e na cidade da Matola, “a não ser que vidas humanas estejam em risco”.
Adenda 16 às 9:46: tiros em Chimoio segundo um jornalista.
Adenda 17 às 9:47: um severo editorial do "Canal de Moçambique", aqui. Complete aqui.
Adenda 18 às 9:55: 1996, Soares Nhaca era sindicalista, não era ainda nem governador nem, como hoje, ministro: "A manifestação do Dia do Trabalhador esteve este ano sob o lema "Não ao actual processo de privatizações; parem com as privatizações precipitadas." Das 502 unidades de produção privatizadas, boa parte encontra-se paralisada e com dívidas salariais aos trabalhadores. Devido à falta de controlo pos-privatização, muitas das empresas trocam a actividade industrial pela comercial, transformando fábricas em armazéns e até em igrejas. Mas o custo de vida, a corrupção e os desequilíbrios salariais também estiveram na ordem do dia. Soares Nhaca, secretário-geral da OTM, disse que o salario mínimo actual corresponde apenas a 29% das necessidades de uma família de cinco membros na compra de produtos de primeira necessidade, sem contar com as despesas de transporte, energia, educação, saúde e vestuário. Nhaca criticou a política de reajustamento estrutural, afirmando que os actuais níveis de crescimento são inferiores aos que se verificaram nos últimos anos da guerra, entre 1987 e 1989. Os sindicalistas acusam o Governo de secundarizar o desenvolvimento económico a favor de medidas monetaristas, visando acima de tudo a contenção da procura. No que diz respeito às privatizações, os sindicatos exigem um balanço exaustivo do processo, assistência social aos trabalhadores que perderam o seu emprego, revisão dos critérios de selecção de compradores e um controle eficaz pelo Governo das empresas após a sua privatização. Os sindicalistas são contra a privatização de empresas como a EDM, as empresas de Águas, TPM, CFM, PETROMOC e LAM. No seu discurso, Nhaca não mencionou casos concretos de má gestão de empresas privatizadas." Há vários anos que Nhaca é governante e o seu discurso é completamente diferente. O sindicalista calou-se para sempre.
Adenda 19 às 10:05: vamos aguardar a produção do discurso teorizador oficial e pró-oficial do que se passa e se passará, ela verdadeiramente ainda não começou. Sugiro, entretanto, sigam a minha série Quatro pontos sobre manifestações.
Adenda às 6:47: dificuldade de acesso a jornais. Ontem nenhum consegui comprar. Não se sabe quando, entre outros, estarão na rua o "Savana" e o "Canal de Moçambique". Mas temos os portais online.
Adenda 2 às 6:50: o jornalista João de Sousa, da Rádio Moçambique, acaba de me enviar de Joanesburgo algo via email relacionado com as manifestações. Digo-vos algo dentro de momentos.
Adenda 3 às 6:56: gentileza do João de Sousa: abaixo, uma foto de Sérgio Costa (AFP) para um trabalho sobre as manifestações em Maputo, divulgado no News 24 sul-africano, noite de ontem, conferível também aqui:
Adenda 4 às 7:06: informe acabado de receber sobre Maputo: "Cidade calma, pouca gente na rua, muitos poucos chapas, acredito que poucas instituições abrirão as portas sem pessoal, as aulas que eu hoje tinha na universidade foram canceladas esta manhã".
Adenda 5 às 7:11: os TPM retomaram a circulação.
Adenda 6 às 7:21: "Os céus de Maputo acordaram cinzentos, um pouco nublados, mas sem nenhuma manifestação popular registada na cidade ou província desde a noite desta quinta-feira. 42 autocarros dos Transportes Públicos Urbanos, TPM, estão a operar desde as primeiras horas desta sexta-feira sem necessidade de escolta policial e existe indicação que durante o dia mais autocarros estarão a operar nas várias rotas."
Adenda 7 às 7:25: "No dia em que Hélio não voltou para casa" e "Editorial: quando o povo mandou nos senhores".
Adenda 8 às 7:35: dificuldade para encontrar uma bomba de combustível aberta.
Adenda 9 às 8:02: comentário de um leitor: "A manifestação não é somente das pessoas que estão nas ruas; o grosso faz uma greve silenciosa e diplomática ficando em casa protestando."
Adenda 10 às 8:04: falta de chapas em muitas zonas, por exemplo na Zona Verde/Benfica.
Adenda 11 às 8:30: vários aumentos de preços num curto espaço de tempo, em meio a uma crescente dificuldade de sobrevivência diária para muitas pessoas. Terá quem os decidiu e mandou aplicar tido consciência desse enorme fardo multiplicado?
Adenda 12 às 8:57: comentário de um leitor, há momentos - "Pro. desta a zona da D. Alice até ao centro da cidade não vi nenhuma unidade da PRM ou Exército. Será bom sinal?"
Adenda 13 às 8:59: TPM circulam, chapistas parece estarem receosos ainda.
Adenda 14 às 9:41: de um jornalista de passagem por Chimoio: "Chimoio acorda tenso, lojas fechadas, polícias nas ruas."
Adenda 15 às 9:44: No "Canal de Moçambique" online: "A Amnistia Internacional instou ontem a polícia moçambicana a não usar munições letais para dispersar as manifestações violentas que estão a ter lugar na capital Maputo e na cidade da Matola, “a não ser que vidas humanas estejam em risco”.
Adenda 16 às 9:46: tiros em Chimoio segundo um jornalista.
Adenda 17 às 9:47: um severo editorial do "Canal de Moçambique", aqui. Complete aqui.
Adenda 18 às 9:55: 1996, Soares Nhaca era sindicalista, não era ainda nem governador nem, como hoje, ministro: "A manifestação do Dia do Trabalhador esteve este ano sob o lema "Não ao actual processo de privatizações; parem com as privatizações precipitadas." Das 502 unidades de produção privatizadas, boa parte encontra-se paralisada e com dívidas salariais aos trabalhadores. Devido à falta de controlo pos-privatização, muitas das empresas trocam a actividade industrial pela comercial, transformando fábricas em armazéns e até em igrejas. Mas o custo de vida, a corrupção e os desequilíbrios salariais também estiveram na ordem do dia. Soares Nhaca, secretário-geral da OTM, disse que o salario mínimo actual corresponde apenas a 29% das necessidades de uma família de cinco membros na compra de produtos de primeira necessidade, sem contar com as despesas de transporte, energia, educação, saúde e vestuário. Nhaca criticou a política de reajustamento estrutural, afirmando que os actuais níveis de crescimento são inferiores aos que se verificaram nos últimos anos da guerra, entre 1987 e 1989. Os sindicalistas acusam o Governo de secundarizar o desenvolvimento económico a favor de medidas monetaristas, visando acima de tudo a contenção da procura. No que diz respeito às privatizações, os sindicatos exigem um balanço exaustivo do processo, assistência social aos trabalhadores que perderam o seu emprego, revisão dos critérios de selecção de compradores e um controle eficaz pelo Governo das empresas após a sua privatização. Os sindicalistas são contra a privatização de empresas como a EDM, as empresas de Águas, TPM, CFM, PETROMOC e LAM. No seu discurso, Nhaca não mencionou casos concretos de má gestão de empresas privatizadas." Há vários anos que Nhaca é governante e o seu discurso é completamente diferente. O sindicalista calou-se para sempre.
Adenda 19 às 10:05: vamos aguardar a produção do discurso teorizador oficial e pró-oficial do que se passa e se passará, ela verdadeiramente ainda não começou. Sugiro, entretanto, sigam a minha série Quatro pontos sobre manifestações.
8 comentários:
a manifestacao nao he somente das pessoas que estao nas ruas; o grosso faz uma greve silenciosa e diplomatica ficando em casa protestando
Pro. desta a zona da D. Alice até ao centro da cidade não vi nenhuma unidade da PRM ou Exército. Será bom sinal?
Caro Said:
Não acredito que as pessoas tenham ficado em casa por protesto. Ficaram em casa por falta de transporte, conveniência ou simplesmente por medo.
Hoje a greve toma um lado oportunista por parte da classe trabalhadora que nada teve com a greve dos dois dias, como é sexta feira pq não fazer ponte ao final de semana sob pretexto de falta de transporte, medo, etc.
Está a circular uma sms a comunicar que haverá uma pausa até as 12.00 hrs de hoje, de modo a garantir-se o abastecimento em produtos alimentares, para reiniciar-se até a terça feira. A sms parece ter origem em pessoas que estão empregadas ou têm ocupação profissional, pois termina dizendo "... so voltamos a trabalhar na quarta...".
Penso que as autoridades policiais deviam se fazer presentes nas vias públicas de modo a não incentivar a reactivação da revolta. Por ex:, nas principais vias de acesso ao centro de Maputo, deviam ser colocados postos de controlo policiais, ao par do que acontece em situações de road block.
"A greve é a linguagem dos que não são ouvidos" - Martin Luther King
A cidade desperta das cinzas, lambe suas feridas e a vida continua. Na TV, ja ha novamente muita novela, talk-show e cartoon. Os quinze minutos de fama concedidos aos miseraveis ja expiraram.
E tudo voltara ao normal. Os bufos de plantao nos cercarao para saber pessoalmente o que pensamos disto tudo. Os chico-espertos aproveitarao o momento para reafirmar sua "lealdade" a causa. Neste domingo, todos estarao felizes no Eatadio da Machava a darem vivas aos Mambas e a Guebuza (que nao ira de helicoptero desta vez). E a TV estara la a reportar. Daqui a mais uma semana, ninguem mais se lembra do assunto, com excepcao de algumas ONGs que certamente nao deixarao de aproveitar a oportunidade para elaborar mais um "estudo de impacto social" a custa dos milhoes que se anunciou ontem na TV, que NOS, neste blog iremos certamente esmiucar, como "loucos da colina". Nos, os autenticos eremitas intelectuais, teimosamente o faremos ate ao proximo evento (Requalificacao do Chamanculo?), para andarmos a falar das mesmas causas, pessoas e resolucoes. Ha um programa quinquenal a cumprir, lembram-se?
Assim e a alma do povo. Assim e a sociedade global "pret-a-porter", assim e Mocambique, enfiando na gaveta todos o seus pendentes, a espera do parecer do Chefe.
E como nao poderia deixar de ser, os falsos moralistas, desempregados a dois dias, pregam a tese peregrina de que "...os trabalhadores estao em casa por vontade propria...' e quejandos. Nao estao. Estao na rua, a procura de gasolina, pao e outras coisas basicas, que alguns, por terem a dispensa recheada, o tanque atestado para irem para sua chale a 200 milhas daqui, neste fim de semana longo, nunca haveriam de se lembrar. Porque afinal, e no dia-a-dia que sobrevive a nossa classe media trabalhadora. E a baixa, simplesmente morre, em vao.
Mas nos, somos todos Mocambicanos.
Não tenho dúvida. Os intelectuais moçambicanos enfermam de uma enorme falta de sentido nacional.
Reafirmao que qualquer conselho a dar aquela gente será, pura e simplesmente, ignorado. A bússula da razão mora naquela gente, dizem. É um defeito crónico (comparado a toxicodependência), da mesma forma que se é míope.
Não é nenhuma cruzada contra a Frelimo. É conhecer os seus males e pedir que mudem.
O meu pai ensinou-me que "NÃO SE PODE SER APOIANTE DA OPOSICÃO OU SIMPATIZANTE DESTA, SEM CONHECER A QUEM SE OPOE."
Zicomo
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