O eng° Noé Nhantumbo escreveu uma crónica sobre o Vale do Zambeze e terminou-a assim: “Precisamos de quem governe bem. Já chega de experiências e de se andar a brincar aos governos.”
Sonhadores, os sociólogos sempre procuraram duas coisas: as leis do social e a reforma das sociedades. Cá por mim busco bem pouco: tirar a casca dos fenómenos e tentar perceber a alma dos gomos sociais sem esquecer que o mais difícil é compreender a casca. Aqui encontrareis um pouco de tudo: sociologia (em especial uma sociologia de intervenção rápida), filosofia, dia-a-dia, profundidade, superficialidade, ironia, poesia, fragilidade, força, mito, desnudamento de mitos, emoção e razão.
6 comentários:
Grande verdade Noé! Mas já agora fico à espera de uma dica sua de como fazer chegar esta mensagem aos destinatários. É que cá como ai...a coisa tá feia mesmo.Chega de brincar às casinhas....aos governos.Cansa brincar sempre com o mesmo brinquedo não é? Ou melhor...cansa serem sempre os mesmos a brincar connosco que somos os seus brinquedos.
Chega.Para pior já basta assim!!!!
Um abraço
Micas
"Os governantes que temos tido têm medo de quem pensa!"- Noe a 100%.
"Os governantes que temos tido têm medo de quem pensa!"- Noe a 100%.
Pois e caro Karim, eu que o diga por me atrever a fazer o mesmo.
Mas pergunta Noe:
"NO MEIO DE TANTA FANFARRA SOBRE A FOME SERÁ POSSÍVEL ESQUECER O VALE DO ZAMBEZE?"
E eu respondo-lhe:
O que realmente está por detrás do famoso discurso da Revolução Verde em África. Quem são esses novos messias que se dizem dispostos a apoiar o esforço do continente? Não estaremos a alimentar lobos em pele de Cordeiro?
Oiço agora falar de monocultura e da consequente mecanização agrícola e eis que descubro que 18.000 hectares de terra arável foram concessionados a mais uma outra multinacional para produzir bio-combustíveis nas férteis terras do planalto, o celeiro da Nação. Assim como já tinha sabido que 23.500 hectares de terra, para a produção de trigo, arroz, leguminosas, milho, cebola e batata, seriam por certo, arrendados à um país da SADC num esforço destinado a suprir o défice alimentar gerado pela escassez de terra para a produção nesse país – justamente por ele ter optado erradamente, à já longos anos, por uma mono-cultura intensiva - num negócio em que Moçambique receberia em troca, firmas subsidiárias em joint-venture, participadas por empresários nacionais com 10% de acções. E muitas outras parcerias de esbulho de terras continuam em fila de espera. Um acordo recente para evitar a dupla tributação e evasão fiscal foi reportado na nossa media, o que permitirá a um parceiro asiático resolver um problema criado pela sua própria má planificação económica, que já redundou na perda grandes quantidades de terras aráveis para dar lugar a fábricas poluentes e exploração turística. De acordo com o Ministério da Agricultura desse país, a terra para a produção do arroz, principal mercadoria da nação e líder nas receitas de exportação, diminuiu de 4.453.441 para 4.048.583 hectares, só no período de 2000 a 2006, basicamente por causa de uma iniciativa capitalista irresponsável – de ricos e para ricos: a proliferação de campos de golfe (quase 200 haviam sido projectados), que deslocaram milhares de agricultores e devastaram plantações de arroz das quais o país depende. Além das terras, os campos de golfe também influem nos recursos hídricos. Um campo com 18 buracos consome mais de cinco milhões de litros de água por dia, o suficiente para 20 mil agregados familiares. «Na temporada de seca é muito difícil», diz o encarregado pela rega de um dos campos, situado a cerca de 200 quilómetros da capital desse país. «Eu tenho de pressionar a empresa fornecedora de água, porque não há água suficiente para todas as pessoas da cidade». Em suma, não nos bastassem parcerias desequilibradas, agiotagem, agora vamos apregoar os benefícios fiscais por samaritanismo económico.
Em suma, a terra e o NOSSO "petroleo"!
Nao paramos de exporta-lo. Por isso, nao sao necessarias mais perguntas, quando a resposta e evidente...
Este Noé!!! Se Moçambique tivesse 1OO Noés este país já estava a andar para a frente e o galo estaria a cantar de outra maneira.
O meu conterrâneo Sérgio Viera é que não vai gostar nada disso. Ele não gosta de ser contrariado. E Noé mostrou, uma vez mais, que é um salvador das espécies.
Zicomo
Sou candidato a governador, meu nome é Ninguém Maquiti. Prometo que Ninguém vai melhorar a educação , Ninguém vai fazer mais hospitais, e ninguem irá fazer nada na africultura.
Um abraço ao Noé, saudade de um copo consigo ali naquele lugar no Bairro da Manga, passagem de nivél :)
M
*Agricultura
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