25 setembro 2010

A musculação policial urbana (3)

"A sociedade contemporânea, que alimenta a hostilidade entre o homem individual e todos os demais, produz, assim, uma guerra social de todos contra todos (...). Para se proteger do crime e dos actos de violência, a sociedade exige um vasto e complexo sistema de corpos administrativos e judiciários, que requer um imensa força de trabalho." - Friedrich Engels, Discurso de Elberfeld, 8 de Fevereiro de 1845
O fim desta curta série.
Escrevi no número anterior que, olhando o mundo policial preventivo e ameaçador, temos tendência a ver apenas o lado prático da presença, o lado protector, o lado dia-a-dia vigilante. É bem mais difícil ver o lado espectáculo prepositado*, o lado teatral, dramático, nas palavras e na exposição dos meios físicos de prevenção e punição, o lado policial digamos que fisiculturista.
Somos um país com cada vez mais polícia de intervenção rápida e com um discurso fortemente cioso de ordem. Os comportamentos considerados delinquentes são retirados das relações sociais e apresentados como tendo origem e término em si mesmos, como sendo independentes da trama das relações sociais na qual nascem e se reproduzem. Quanto maior for a amplitude das desigualdades sociais, quanto maior o anelo pelo investimento estrangeiro, maior será a gesta da segurança, o fisiculturalismo policial, especialmente em meio urbano e periurbano (provavelmente, em futuro próximo, já serão exibidos canhões de água).
(fim)
* A esse propósito, leia Loϊc Wacquant, Punir os pobres, A nova gestão da miséria nos Estados Unidos [A onda punitiva]. Rio de Janeiro: Editora Revan, 2007, 3. ed.ª.

1 comentário:

ricardo disse...

Os senhores feudais protegem-se...

Condominios = nova versao dos burgos do sec. 13.