03 setembro 2010

Manifestações populares e três momentos analíticos (3)

E termino a série com o terceiro e último momento analítico:
3. Evitar respostas take-away: chegou o momento de evitarmos as respostas simplistas, do tipo take-away. Do que precisamos? "Precisamos de soluções preventivas, duradoiras, que sejam mais sociais, culturais, políticas e economicamente abrangentes e equilibradas" - responde o Estevão Mabjaia. Tenhamos consciência de que uma revolta popular - na qual há os bons e os maus - "revela sempre que algo não está bem". Não é correcto atribuir totalmente à "conjuntura internacional desfavorável" a razão de ser dos problemas que enfrentamos, pois existem "os fundamentais aspectos de organização e programação internos, que são os que contribuem de forma determinante para este agravamento da situação a nível interno." Não basta remediar nem entender, temos também de saber prevenir. O que fazer  então? A resposta de Estevão Mabjaia: "Tivemos o 5 de Fevereiro; é injusto não termos percebido que avançávamos clara e inequivocamente para o 1 de Setembro. Daqui por diante, para onde vamos? Continuaremos a caminhar teimosamente para mais uma data qualquer com mais um evento similar? Reflictamos colectivamente. Remediemos urgentemente o que mais este violento tremor social nos impôs. Tentemos depois aprender algo do que sucedeu. E por fim, façamos algo mais do que os eternos discursos para prevenir futuras situações de género. Podemos, queremos, estamos prontos para avançar?"
(fim)

5 comentários:

micas disse...

Como tudo poderia ser bem mais simples se as pessoas pudessem ( ou quissessem) interiorizar estas suas análises. É que a "receita" está toda aqui.

Bj

Anónimo disse...

Professor, parece que o governo nao entendeu a lição. Hoje pela manha, ouvindo o Ministro da Industria e Comércio, pareceu-me que o que o Governo quer é culpabilizar a manifestação, trazer apenas os elementos negativos dela. Não discute as causas, as dificuldades do povo e as suas responsabilidades, mas sim o que de mau trouxe a manifestação popular. O Sr Emilio Manhique da RM nao usou nunca o nome de manifestação, para se referir à situação que se viveu nos dias 1 e 2 de setembro. Chamou aqueles actos de agitação.

A preocupação parece ser de que agora nao há gasolina, nao há pão. Mas para uma grande parte do povo de que vale haver pão se não vão ter com que comprar. Claramente um conflito de entre os que têm dinheiro e os que não têm...

Do que entendi das palavras do Ministro e das afirmações de outros governantes, o Governo parece dizer o seguinte: "Voces fizeram a greve, destruiram coisas, agravaram a imagem do pais fora, teremos mais dificuldades e menos investimentos e ficarao sem trabalho e mais pobres. Isto é voces (povo) são os culpados de tudo o que acontece e do que nos vier a acontecer no futuro, porque fizeram a greve.

Acho que o governo esta cada vez mais a distanciar-se dos seus governados.

Pena.

V. Dias disse...

O Professor deveria repensar em publicar certas opiniões no anonimato! Nem que usem "António", "Abel", "Manuel", etc... ficava bem!

Zicomo

ricardo disse...

Na verdade, o aluno cabulao, talvez necessite de bibliografia recomendada, por exemplo esta:

http://www.fahamubooks.org/book/?GCOI=90638100405800&utm_source=PZ_Side&utm_medium=web

Uma abordagem sistematica do problema da fome universal.

Abdul Karim disse...

Estevao Mabjaia, exemplar !