Podemos ter por certo que as manifestações ocorridas em Maputo e Matola foram motivadas pela comida e pelos preços? Ou devemos adoptar outros primas analíticos? Confira Chris Blattman - incluindo o debate nos comentários - aqui.
Adenda às 7:58: leia a posição da economista Clara Pereira aqui.
Adenda 2 às 8:03: em tempo muito rápido, multiplicam-se as tentativas para explicar a razão ou as razões das manifestações. Mas não há, ainda, um estudo contendo o prisma dos habitantes dos bairros periféricos de Maputo e Matola em geral e dos manifestantes em particular. Seria certamente importante ouvir os detidos pela polícia.
3 comentários:
Prof,
A Economista Clara Pereira levanta questões interessantes. Contudo, parece que ela, como vários outros comentadores/ entrevistados sobre o assunto, raramente tocam no cerne da questão: Visão de desenvolvimento de longo prazo - que perpectivas para Moçambique? Para mim, aqui reside a solucção.
Bom dia Professor,
Estou acompanhando os debates vindos de vários intervenientes sobre as manifestações ocorridas em Maputo e Matola nos dias 1/3 de Setembro último.
Contudo, quero concordar com Professor Serra em relação o facto de não se incluir a visão dos manifestantes através dos seus próprios testemunhos (habitantes da periferia, porque é lá na periferia onde fica o centro da revolta.
Ora Professor,
Corre-se o risco de os analistas cometerem o mesmo erro que o governo cometeu ao fazer das suas palavras as do dito "Povo".
vou mensionar aqui alguns aspectos:
1. O tal Povo que todos os analistas defendem e dele opinam, está perto deles, convivem com ele. E porquê não ouvi-lo?
2. Não me recordo de algum analista ter citado opiniões dos residentes da periferia, sobre os reais factores, claro, a não ser mesmo naquele dia que os "amados jornalistas da STV" transmitiram em directo e iam deixando falar o "POVO", como sempre têm. Esses sim, protegidos pelos manifestantes, iam nos mostrando tudo, tudo mesmo. Mas depois, os académicos usaram isso para comentar e analisar o fenómeno.
3. Professor, é importante ao fazer o estudo dos factores das revoltas populares, incluir-se as categorias: idosos (Porque esses são a biblioteca viva), mulheres (que cozinham), homens (que batalha para ter o metical), jovens (que lutam pela sobrevivencia sem emprego e nem oportunidades), adolescentes (que sentem pena dos seus pais). Digo adolescentes, porque fomos vendo menores de 18 anos a participar;
4. Professor, exceptuando alguns (como é o seu caso), muitos analistas, não têm separado a análise e o sentimento emocional nas suas opiniões (Uns estão ao lado do POVO, porque vivem com o Povo, e outros, estão ao lado do poder decisório, porque não querem passar outra imagem dos factos).
Por último, Quero agradecer pelo facto do Professor estar sempre a insistir na necessidade de se investigar profundamente o caso. E sem querer "puxar o saco",como tem sido hâbito no nosso país, quero elogiá-lo pela sua dedicação na análise dos fenómenos sociais não só urbanos, mas como também os rurais (Leões de Muidumbe, cólera em Lioma Gurué,Chuvas em Nicoadala, etc) locais onde eu vivo e perco alguns minutos a ir a net para ler o seu diário, que já faz parte do meu dia a dia.
Ao analisarmos os fenómenos sociais, temos de recordar que o dito Povo também está atento nos debates e acompanha.
Outro fenómeno que me interessou, é a forma como a STV é acarinhada, isso mostra que ela tem um sentimento de solidariedade, talvez porque cobre os acontecimentos com parcialidade e o POVO, vê isso.
Atenciosamente, espero que esteja bem, apesar da crise de asma que sempre tem vindo a citar no seu diario.
Sérgio Roques Licenciado em Antropologia.
Obrigado Professor por postar o meu comentário.
Apenas quer corrigir: A frase que fala da STV, onde se: com parcialidade (deve-se ler imparcialidade).
Peço desculpas pelos transtornos.
Sergio
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