Na habitual coluna "Carta a muitos amigos" no semanário "Domingo", com o título "Sobre política ou tecnocracia no comando" (edição de hoje, p. 5), Sérgio Vieira exibe a sua dialéctica: por um lado escreve que nos belos tempos em que a política comandava em Moçambique a vida era regrada, dialogava-se, não havia marginais nem saques; mas agora é a tecnocracia (sic) que comanda o país e é por isso que tecnocraticamente se anunciou a subida simultânea dos preços da energia, da água e do pão (Vieira também atacou os tecnocratas por causa da revolta de Fevereiro de 2008). Resultado? "Os que tudo sabem no conforto dos ares condicionados, não fizeram as contas sobre os efeitos cumulativos destes factores" - escreveu o coronel na reserva. Que efeitos cumulativos? Houve greve? Não, não houve greve em Maputo, Matola "ou qualquer outro sítio" - assevera Vieira, peremptório -, os trabalhadores não suspenderam o trabalho. O que houve então? O que houve então foi uma "arruaça, encabeçada por malandrins e virada para a pilhagem e destruição" (sic, o mesmo tipo de quadro caótico pintado pelo autor quando da revolta de Fevereiro de 2008). Então, ao fim de vários parágrafos de glosa do Estado político, Vieira remata dizendo que foi o presidente Guebuza quem "mandou pôr o guizo ao gato", interferindo nas decisões dos tecnocratas e da sua "arrogância" (sic) - autores de "um mal-estar generalizado que abre caminho aos desmandos de marginais" (sic) -, mandando adoptar medidas correctivas. E escreve Vieira: "O povo aplaudiu e com razão". Para ser definitivamente consequente, só faltou a Sérgio Vieira (que desta vez não fez da Renamo a mão externa da "arruaça") fechar a abóboda da sua basílica analítica escrevendo que, afinal, as inúmeras medidas foram tomadas para servir (usando rigorosamente as suas convicções e os seus termos) malandrins e saqueadores.
Sonhadores, os sociólogos sempre procuraram duas coisas: as leis do social e a reforma das sociedades. Cá por mim busco bem pouco: tirar a casca dos fenómenos e tentar perceber a alma dos gomos sociais sem esquecer que o mais difícil é compreender a casca. Aqui encontrareis um pouco de tudo: sociologia (em especial uma sociologia de intervenção rápida), filosofia, dia-a-dia, profundidade, superficialidade, ironia, poesia, fragilidade, força, mito, desnudamento de mitos, emoção e razão.
8 comentários:
Parece que desta vez o vieirinha dicidiu dar uns bon-bons aos tecnocratas do partidao,
Os restantes sempre recebem bon-bons dele, ele parece uma pessoa muito generosa,
'E a Ideologia, ja que nao ha saidas, exclui-se e dispara-se para o proprio efectivo,
Espero que os tecnocratas do partidao curtao os bon-bons.
Comentar o quê? Isto é acreditar ou nao acreditar. O Serginho deveria ser Pastor de uma dessas novas evangelicas que neste tempo de descrença polulam por todo o país!...
E no entanto, o sr. Coronel e incapaz de responder a interpelacao de Noe Nhantumbo sobre o Vale do Zambeze.
Nada de novo. Critica e auto-critica, como e apanagio da Frelimo quando as coisas ficam negras para o seu lado...
O que me espanta mesmo e o longo silencio da sua oposicao, que como se evidencia, ate nestas alturas so funciona ao comando da Frelimo.
Por isso, esta provado, o maior partido de oposicao em Mocambique e a coligacao doadores, FMI e Banco Mundial.
Simples como agua!
Ja que 'e apanagio do partidao, acho que devemos deixa-los avontade a criticar-se e a auto-criticar-se,
Quem sabe a velha formula, nao resulta mesmo, sempre resultou, e porque nao nesta "tempestade perfeita" ?
Nao 'e ?
Sergio Vieira pensa que sabe e domina tudo!
Há gravações deste Sr quando fazia uso da palavra no paralamento...
Só visto!
Em Moçambique temos medo de assumir os nossos erros. Quando sao os chefes ainda pior. Nós, os cidadãos, talvez para nao fragilizar os chefes dizemos com eles que a culpa não é deles, mas sim dos assessores. Mas sendo os assessores bons ou maus, quem os escolhe não são os chefes? E então? Eles não têm responsabilidade sobre as escolhas que fazem?
E mais, eu nao vi que nenhum "tecnocrata" do Sr Sérgio tenha sido "dedurado" (de apontado com o dedo) para dizer que ele fez mal isto ou aquilo, tomou esta ou aquela decisão errada e lhe tenha sido aplicada alguma sansão. Então? Onde estão os maus assessores? Gostaria de saber. Não li o artigo do Sr Sérgio, mas aventuro-me a dizer que ele também não apresentou nenhum nome dos tais tecnocratas. E ai surge a pergunta: Será que os nossos chefes escutam mesmo os seus assessores? Ou eles preferem daqueles assessores que "só dizem sim..."
E ai, aparece finalmente o chefe como o salvador da pátria a corrigir os males que os seus maus assessores (que ele escolheu) fizeram? Porque não corrigiu antes? Ou esses assessores fizeram as coisas à sua revelia? Se sim então porque não são responsabilizado em público como se faz nas presidencias abertas com os outros?
Plenamente de acordo anonimo!
Muita pena que esses chefes ou dirigentes não assumem os seus erros...
Seria dignificantes faze-lo!
É um problema cultural penso eu!
Ainda estamos muito longe de sermos bons politicos em Moçambique.
Esta nossa nova geração de "politicos"...penso eu que, está a seguir os mesmos passos dos anteriores.
É normal ver líderes europeus,(onde estou neste momento),a assumirem seus erros...
A por seu lugar a desposição depois de uma tragédia no seu pelouro...
Em Moçambique, o governo até os defende e fecham-se em copas..
Recordam-se do Tobias Dai? quantas criticas recebeu após a explosão do paiol? e nada!
Muito depois é que, o PR o demitiu!
Talvez por ser seu cunhado???
Ou cultura Moçambicana ou africana?
Linette Olofsson, admiro-lhe se as suas opinioes representarem de facto a sua possibilidade ou capcidade como queira, de neutralidade reflexiva, apreciavel. abracos
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