"A arte das consequências. Forçamos a tese do adversário extraindo dela falsas conclusões e deformando os seus conceitos, para delas extraírmos alegações que não se achem lá e que não reflictam de todo a opinião do adversário, que sejam até absurdas ou perigosas; parece então que da tese dele decorrem alegações que ou se contradizem a si mesmas ou contradizem as verdades conhecidas; trata-se assim de uma refutação indirecta, um apagoge; e é mais uma aplicação da fallacia non causœ ut causœ." - Arthur Schopenhauer, A arte de ter sempre razão. Lisboa: Frenesi, 2006, estratagema 24, pp.46-47.
Sonhadores, os sociólogos sempre procuraram duas coisas: as leis do social e a reforma das sociedades. Cá por mim busco bem pouco: tirar a casca dos fenómenos e tentar perceber a alma dos gomos sociais sem esquecer que o mais difícil é compreender a casca. Aqui encontrareis um pouco de tudo: sociologia (em especial uma sociologia de intervenção rápida), filosofia, dia-a-dia, profundidade, superficialidade, ironia, poesia, fragilidade, força, mito, desnudamento de mitos, emoção e razão.
3 comentários:
Num dos comentarios que li, o senhor Jose chamava atencao para um facto, cuja logica, sem logica, e a seguinte: em Mocambique, se criticas o Governo ou o partido que o sustenta, logo diz-se que falou mal do pais. E ai gritam: e anti-patriota, nao gosta do seu pais, deve ir a Guine Bissau, e apostolo de desgracas do povo, etc.
Repare-se na expressao: "e anti-patriota". Ai a patria e substituida pelo Governo e partido que o sustenta.
Na mente "esclarecida" de muitos, nao existe espaco, nao ha separacao entre uma coisa e outra.
Mas na lei, existe. Ou, se nao existe, devia existir.
Chama-se a isso considerar uma parte como se fosse o todo. Outro erro de argumentacao.
Julgo que e pertinente definir o que e "Mocambique" como pais, como nossa patria. Porque a definicao do "Governo" pode ser achada em varios instrumentos. Se ha juristas, historiadores, politologos, antropologos, sociologos, maos a obra. Porque um dia destes, ao rejeitar uma dada politica (de um Governo), seremos considerados como tendo rejeitado o nosso Pais. E ai perderemos a nacionalidade.
(Continuacao do Comentario anterior)
E a arte de se esconder atras de valores nobres, quando se quer evitar criticas. A estrategia usada e: levar o PAIS, a PATRIA, e coloca-lo a frente, como escudo de proteccao. Atras, fica o verdadeiro alvo das criticas, neste caso o Governo e suas politicas.
A tese de "anti-patriota" e para comover as massas e aumentar a "culpabilidade" do eventual critico . Quem querera ser conotado com anti-patriota?
E depois, vem a estrategia compensadora: se falas bem do Governo, ou se nao criticas o Governo e suas politicas, logo e abencoado como sendo o melhor patriota que existe. Alguns auto-proclamam-se abertamente, orgulhosamente, de peito cheio. Sabem, afinal, que, estao na graca dos deuses, que tem o paraiso prometido, tem a bencao derramada aos seus pes.
Ilustre Carlos Mendes, parabéns pela excelente análise. Esta estratégia de chamar de anti-patriotas a quem não concorda com certas situações protagonizadas pelo Governo não é nova e os seus mentores estão bem identificados, talvez seja a maior prova de que a democracia em Moçambique ainda é muito débil e precária.
Uma das explicações que encontro para este comportamento é que muitas pessoas pensam que Estado, Partido, Governo e País são sinónimos, talvez resquícios do monopartidarismo.
Saudações patrióticas!
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