Na República Popular do Congo, o governo mandou encerrar várias universidades consideradas inviáveis. No blogue do jornalista Cédric Kalonji - imagem à esquerda, várias vezes citado neste diário - um caricaturista não perdeu a oportunidade de fazer o cartun em epígrafe, datado de Maio deste ano. No diálogo em francês travado em Kinshasa: alguém do lado direito fecha uma dessas universidades, dizendo que ela está na lista negra, que é inviável; no lado esquerdo, pessoal da universidade fechada interroga-se sobre qual irá ser o seu futuro. Aqui.
1 comentário:
Já aqui me referi há meses, que o Estado não terá, num futuro muito breve, como absorver o exército de doutores que algumas das nossas universidades – “universidades cogumelos” anda por ai a formar.
Semestralmente houve-se dizer que mais uma universidade foi fecunda, para meia dúzia de meses ouvir dizer que a mesma universidade deu parto 600 a 1000 graduados (doutores). Nos meus tempos de primária e secundária, modesta à parte, tinha-se em grande conta à inclinação dos estudantes e as necessidades do país.
EraM princípios fundamentais, daí que Tete nunca esteve tão refém de quadros, com excepção da área da saúde em que era preciso ir a Maputo aprender a disparar (em Matalane) e só depois tirar o demorado curso de medicina.
O valor humano era algo a ter em conta. A universidade tínhamos em casa e na escola primária com os professores. Quem passou pela Marien Ngouabi nas décadas 80 e 90 que me ajuda a confirmar este débito. Actualmente o diploma é que faz o homem e não o contrário.
Hoje já não temos artesãos para ornamentar edifícios, para confeccionar objectos artesanais como o chapéu, o cesto, a peneira, panela, esteira, bilha, pote, etc.
Tudo o diploma levou. O diploma, ao invés de funcionar como passaporte para afirmação do talento, acaba por matar o artista. Onde andam os nossos artistas? É sinónimo de pobreza ser-se artista. Ninguém olha para este aspecto.
Mesmo as universidades que andam por ai, das áreas artes, não têm focalizado a sua atenção no aspecto humano, razão pela qual o sucesso delas se reduz nos números de diplomas e não nas obras. Resultado: está tudo a cair de pobre.
Penso que o nosso governo devia repensar seriamente na questão de fazer nascer prematuramente tantas universidades sem o mínimo de condições. ISTO DE ESCOLAS, DISSE O PROFESSOR JOSÉ HERMANO SARAIVA, NÃO BASTA OS EDIFÍCOS, O FUNDAMENTAL SÃO OS PROFESSORES.
Moçambique não tardará muito em atingir os problemas de Portugal. Onde é que o governo vai colocar os senhores doutores das “universidades cogumelos”? Será que estes asseguram o desenvolvimento do país? A verdade manda dizer que teremos um país dividido em quatro partes: uma parte ínfima de elites, a outra da classe média dependente do partido Frelimo; depois vamos encontrar uma geração da viragem que andará sempre a virar sem eira nem beira, e finalmente, o grosso modo de primatas que, sem ter o básico, querem chegar às universidades. ESTEVE BEM O GOVERNO DO CONGO.
Zicomo
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