08 fevereiro 2010

Urinar

Urinar nas ruas, nos muros e nas árvores da cidade de Maputo é uma prática tradicionalizada. Não existe qualquer sentido de contravenção penal. Agora imagine-se o que sucederia caso os nossos polícias muncipais seguissem o exemplo dos seus colegas do Rio de Janeiro, lá no Brasil...

Confira a notícia aqui. Obrigado ao MLobo pelo envio da referência. Foto reproduzida do "Notícias".
Perguntas: o que opinam os leitores sobre o tema? Sanitários públicos resolvem o problema?
Adenda às 10:53: sugiro leiam e critiquem uma postagem minha de 2007 intitulada "Por que urinamos e defecamos ao ar livre?", aqui.

10 comentários:

SITOEJUNIOR disse...

UM EXEMPLO A SEGUIR....

Unknown disse...

Prof. não é o sanitário que resolve é a educação. veja que há zonas em Moçambique onde fazer necessidades a seu aberto nas vistas dos outros não é problema, e populações dessas zonas estão entre os citadinos do Maputo.

Anónimo disse...

prof.
Regionalismo a parte.
Acredito que deve-se urgentemente construir urinois publicos urgentemente e aliar se a educacao civica a todos os municioes com cartazes sei la.~
Porque a situacao esta caotica de verdade.
Mario Litsuri

L'der disse...

As vezes ando com sacos plásticos onde conservo lixo que produzo durante o percurso e só consigo livrar-me do mesmo na lixeira de casa!

Será que urinóis públicos ainda não é sonhar alto? Tenho visto jovens, senhores e senhoras, as vezes até velhinhos e velhinhas a urinarem em locais impróprios mesmo estando próximos a um restaurante ou a uma estação de serviço! É por falta de urinóis?

Anónimo disse...

Acho que o problema é que ainda nenhum empresario de sucesso tem ainda uma empresa de produção de casas de banho desmontaveis. Mas a Lusalite tem e vende. Quando isso acontecer vamos todos ter que urinar em lugares próprios.
Não custa nada exigir que os pequenos negocios que abrem nas esquinas tenham casas de banho e cobrem no consumo o uso da casa de banho. Para os que já abriram e nao tem... dar um prazo para que tenham. (Assim como as inspecções dos carros).
Por outro lado a educação das pessoas é fundamental, pois as criancas devem aprender desde pequenas a que antes de sair de casa (ou da escola) devem ir à casa de banho fazer as suas necessidades para nao terem que fazer na rua. Por isso os pais e os professores devem ter essa pratica e ensiná-las. Isso iria reduzir o problema. Porque também há os sem casa que cada vez são mais na cidade e esses não têm mesmo onde fazer as suas necessidades. Ai as casas de banho do CM seriam uma alternativa.( Se houver dinheiro para isso. As cidades têm tantos problemas...).

Anónimo disse...

Só mais uma coisa. Os "media" públicos deveriam fazer este tipo de publicidade, publicidade de bons habitos de vida, já que são pagos com os nossos impostos e não apenas aquela da:
"Beba tentação que é o melhor para si e familia..."

Quanto a gente vê uma publicidade positiva na rádio ou na TV tem que vir sempre "com o patrocinio do UNICEF da UNESCO, do PNUD, do Banco Mundial,... etc".
Será mesmo que nós nao podemos fazer nada, mesmo? Fazer por nós próprios, e para nós.

Digo isto com uma certa tristeza e inconformidade. Uma vez fui ver no Hospital Central de Maputo uma publicidade sobre a necessidade de higiene (lavar as mãos) por causa da gripe A, feita num cartaz bonito patrocinada com fundos da USAID. Até vinha escrito algo assim como "pago com fundos do povo do EUA". Vejam só!
Eu me pergunto será nós nao temos ideias, nao temos uma folha de papel e uma impressora para fazer coisas simples como estas, mas positivas? Será que temos sempre que andar de mão estendida para fazer pequenas coisas para nós mesmos? Ou não gostamos de nós? Onde esta a nossa autoestima?

Unknown disse...

Isso, anónimo, a imprensa pública devia trabalhar nisso.

porque de facto a situação é pior. veja que na junta existe esse tipo de WCs mas gente que faz tudo fora ainda existe e é a maioria!

então, é uma questão de educação.

ricardo disse...

A diferenca e que no Rio de Janeiro ha urinois em muitos lugares. Desde paragens de metro, publicos. E ainda os privados, onde se paga uma quantia simbolica. Em suma, a Perfeitura criou as condicoes e os incentivos basicos. E depois promulgou a Lei.

Portanto, ha inumeras maneiras de alguem se aliviar. Quem o fizer fora desses locais, logicamente que DEVE SER PENALIZADO!

Se servir de proposta, criem-se urinois em zonas da cidade alta e comece-se a aplicar a lei ai...

Mas quantos urinois ha em Maputo?...Por isso, antes de reprimir, educar. Alem de ser um negocio lucrativo.

Anónimo disse...

Estimado Ricardo,

Quando a gente se quer justificar encontra sempre razoes. A diferença é que no Rio e noutras paragens a gente sente vergonha, pudor! E issa é a base. A base não sao os urinois publicos mas a nossa maneira de ser e estar. A forma como fomos educados. Eu já vivi em lugares onde nao há muito urinois publicos, mas é dificil encontrar gente a urinar na rua. Porquê? Muito simples: A gente tem vergonha de o fazer. A sociedade nao aceita justificações e as pessoas estão preparadas. O que disse nos comentários 5 e 6 é valido. Quando a gente educa os nossos filhos a comportamentos apropriados eles tem dificuldade de fazer diferente. Quando as mães são as primeiras a colocar os seus filhos a urinar na rua, não se dão ao trabalho de procurar um lugar para o fazer, mesmo perto do hospital (dentro do hospital há banheiros que podem ser usados pelos utentes) isso é outra forma de ver a coisa. O pior é quando toda a gente assume esse comportamento como normal. Por isso as pessoas urinam na rua. Olha o que diz o Sr L´der e Chacate: "Há urinois e a gente nao usa". Não estão habituados (não querem) e ninguem condena. Não faz mal usar a rua, porque todos aceitam e inclusivé justificam os que assim agem. (Ninguem "enforça" a lei, se é que ela existe).

Por isso vamos tentar educar as pessoas a mudar de comportamento, mesmo sem urinois. Isso NÂO é o principal. As pessoas tem que saber que antes de sair de um lugar (casa, ministerio, hospital, bar, etc) TÊM QUE IR À CASA DE BANHO!!! Aliviar bem as suas necessidades e depois ir à vontade à sua vida, sem incomodar os outros.

Há pessoas que não têm habitação na cidade e podem até urinar na rua. A estas eu até entendo, mas gente com carro, com terno e gravata, alunos das escolas, gente bem vestida que temos visto por ai? (Se quiser assistir a este nojento espectaculo vá ao Museu). Isso deveria ser severamente punido! Uma boa multa ajudaria!

Os comentarios 5 e 6 têm mais... é so ler, para não justificar os que urinam na rua.

Basta de justificar o injustificável!

ricardo disse...

Respeito V. opinião, mas não concordo com ela.

Nada adianta apelar aqui aos falsos moralismos e aos bons costumes se não formos também responsáveis no acto de educar os prevaricadores. E isso, passa por urinois publicos, indução, coimas e aplicação da Lei. Pior será ficarmos reféns de campanhas tipo aquelas anti-HIV no mundo de alguns religiosos cujo enforque se circunscreve à MORAL dos cidadãos, no lugar da distribuição de preservativos. Com que resultados?

Sugeri a zona alta da cidade por motivos óbvios. Porque creio ser o lugar onde, em termos relativos, o destinatário da mensagem compreenderá melhor o sentido da sanção que irá receber, caso não cumpra a Lei. Esperando eu, que daí, o bom exemplo de urbanidade se espalhe pela resto da cidade.

O Rio de Janeiro, que conheço bem, não é o melhor exemplo de PUDOR. Muito pelo contrário. Justamente por isso, é que a Guarda Municipal aplica constantemente coimas pesadas aos infractores. Mas também é verdade que o Carioca é no geral um povo consciente de que o maior tesouro da sua cidade é o Turismo. Por isso, urinando em público, causa má impressão aos forasteiros, logo, ninguém ganha dinheiro. Nem a Prefeitura, nem o Camelô.

Dizer que urinar em público tem a ver com a educação que damos em casa é relativo. Muito menos usar com exemplo a exercitação matinal dos esfincters antes de se sair de casa. E se lhe apetecer fazer na rua como é que faz? Põe um anúncio luminoso? Faz sinais de fumo? Como se isso fosse uma verdade universal nos numerosos agregados familiares maputenses, que madrugam para ir a retrete de habitações quase sem água corrente. Pois que eu me lembre, essa "má educação" coincide com o aumento demográfico nas urbes. Hoje mesmo, indo aos subúrbios, noto que as pessoas tendem a urinar longe de casa, ou, quando podem, fazem-no na sua latrina. Portanto, há pudor.

Dois exemplos opostos sustentam ainda mais esta posição. Hoje, no ex-Grande Hotel da Beira, o fecalismo a céu aberto já não é tão frequente no pátio da entrada ou na piscina . Na Ilha de Moçambique, por volta dos anos 77-79 não se defecava na praia, mas hoje sim. Quer num, como noutro caso, constata-se que a pressão demográfica não é proporcional aos equipamentos de saneamento públicos, logo consequências têm de advir. Hoje em dia, apesar dos seus 3500 habitantes, o ex-Grande Hotel além de dormitório, evoluiu para Hipermercado dos Pobres da cidade da Beira, ambiente incompatível com urinas e fezes nas imediações. Então O QUE TERÁ ENTÃO ACONTECIDO, as pessoas deixaram de urinar e defecar? Não, só que com mau cheiro, a clientela não vai lá. Logo, fazem-no em outro lugar.