15 abril 2009

Sete milhões: processo de acumulação

De acordo com o economista Carlos Nuno Castel-Branco, director do IESE, um estudo revelou que os sete milhões (Fundo de Investimento de Iniciativas Locais) alocados aos distritos para gerar riqueza e postos de trabalho não são norteados por uma real estratégia de desenvolvimento e não estão a beneficiar os pobres e a permitir o alargamento da capacidade produtiva, mas, antes e por exemplo, aqueles que são localmente mais abastados (por exemplo, comerciantes, agricultores) e capazes de serem escutados nos conselhos consultivos distritais. De acordo com o estudo, os pobres têem receio do endividamento e desejam manter a honra (Rádio Moçambique, noticiário das 19:30).
Estamos, assim, perante um real processo de acumulação de capital.
Entretanto, entre as muitas postagens deste diário alusivas aos sete milhões, figura esta, de Julho do ano passado: "A população do distrito de Báruè, província de Manica, denunciou ao Presidente da República, Armando Guebuza, a existência de suposta discriminação e eventuais irregularidades na selecção dos candidatos a beneficiários dos fundos de investimento da iniciativa local, vulgo sete milhões, naquele ponto do país. (...) Artur Jone, um dos intervenientes no comício de Catandica, disse que os sete milhões estão a criar muitos problemas. “Há discriminação na atribuição deste dinheiro. O dinheiro está a ser atribuído somente a pessoas ricas, em detrimento daqueles que efectivamente necessitam deste valor” denunciou."

2 comentários:

Anónimo disse...

Professor,

A Velocidade Esta Optima!

Para Quando?

MZ

Reflectindo disse...

Apesar de eu não ser economista, não é o que insisto na minha discussão com Alfredo Langa? Não será que não se entendeu que são essencialmente os tais comerciantes e agricultores que chamei de espertinhos, os que querem enriquecer sem investir? Não querem contrair dívidas nos bancos para investirem nos seus negócios, mas querem receber dinheiro “mahala” para serem abastados? E, quantos no mundo já enriqueceram sem investir?

Concordo que os espertinhos só ficam abastados e nunca ricos.

Eu não disse que eram os espertinhos quem mais falavam nos distritos quando o Presidente da República ou governador provincial chegasse a ponto de se pensar que os sete milhões eram populares entre os milhares de camponeses?

Só quem não conhece os distritos e os seus residentes pode afirmar o contrário.

Alguns saiem das cidades para irem usufruir aquele dinheiro alegando que um negociozito ali e acolá.

A iniciativa em si é boa, mas só isso não chega, compatriotas. Se da maneira como o dinheiro foi distrito não foi propositado é o que resta saber, mas a grande falha foi também da própria oposicão seja ela parlamentar como extra-parlamentar que nunca fiscalizou os sete milhões - o problema político do nosso país. Os partidos da oposicão podiam ter avaliado detalhadamente em todos os distritos e em todos sentidos, incluindo os membros dos conselhos consultivos.