15 março 2011

A cada um segundo as suas necessidades, a cada segundo o seu Samora (14)

Se é o homem é a medida de todas as coisas, a política é a medida de todos os heróis.
Vamos lá então avançar um pouco nesta encruzilhada samoriana.
Perguntei-me e perguntei-vos anteriormente quantos prismas é possível adoptar no tocante a Samora Machel, ícone nacional este ano tornado modelo político. E perguntei-me e perguntei-vos por quê.
Prossigo na abordagem do prisma social inconveniente, aquele que salienta o transformador social que habitava Samora.
Escrevi, já, que a teorização do esforço para mudar as relações sociais requer ter em conta duas coisas: a produção teórica da mudança e as consequências da prática dessa produção. Ambas as coisas fazem a história do que chamo prisma social inconveniente. E acrescentei que esse duplo legado é hoje muito incómodo para o actual bloco hegemónico da Frelimo. Por isso, no ano de Samora no nosso país, ele surge como um herói pátrio aglutinador, federador, especial e neutralmente nacionalista, afastado dos combates ideológicos, das lutas destinadas a mudar as relações sociais, dos esforços para ter aquele outro Moçambique não capitalista com o qual, antes dele, sonhara o pai fundador da Nação, Eduardo Mondlane. Cada época, cada sentença; cada novas relações sociais, cada nova ideologia; cada novo grupo dominante, cada novos pensamentos. "Os pensamentos dominantes são apenas a expressão ideal das relações materiais dominantes concebidas sob a forma de idéias, são as ideias do seu domínio" - diria Marx.
Termino no próximo número (crédito da foto aqui).
(continua)

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