14 abril 2010

Santos de casa não fazem milagres? (3)


Mais um pouco desta série, cujo tema tem muitos sábios locais, mas minguados resultados externos. Naturalmente que eu sou quem menos sabe.
Mas vamos lá. Acho interessante colocar dois temas provocadores, a saber:
1. Moçambicanização do treino de futebol: contra o messianismo externo
2. Cientificação da concepção do futebol: contra a mentalidade chapa100
(continua)

8 comentários:

Abdul Karim disse...

Professor,

Se o governo me der a isencao fiscal e aduaneira, que andou a dar a muitos meus patricios curruptos... Vou voltar a construir uma equipe de futebol... Mocambicana....

E desta vez quero ganhar o campeonato nacional, africano e mundial de clubes....seniores.

umBhalane disse...

"Amo" o ponto 1.

Visto.

V. Dias disse...

Hum Karim, ganhar o campeonato, duvido. Que tens razão quanto ao resto ai tens até de sobra. A lei de mecenato é um fiasco. Dizia eu que nem o deputado músico foi capaz de levar esta lei à plenária, ou seja, ela é totalmente ignorada.

Veja o caso da Ilha de Moçambique. Você não sabe como eu adoro aquilo, adoro aquele património, sou louco por património, mas...aquém interessa o património da Ilha de Moçambique?

Zicomo

Abdul Karim disse...

Viriato,

So estou 'a espera da isencao...

Depois vais ver o filme... vou "rapar" os campeonatos todos.

Sem contratacoes de Jogadores estrangeiros... vou "rapar" com "santos da casa"... Vai haver milagres...

Problema 'e so isencao, pra mim... nao da pra dares uma cunha ai, pra mim ?

V. Dias disse...

Cunha? Eu?

Sabe que o professor conhece meio mundo e se não, ele é tão conhecido pelo meio mundo, pode, querendo, levar o teu pedido a quem de direito.

De resto, ele já lhe ajuda publicando seus debitos neste Diário. Vamos lá ver se alguém do Governo lhe dê ouvidos.

Zicomo

Abdul Karim disse...

Viriato,

Cunha nao 'e pecado,... 'e so pra agilizar um pouco... o processo.

Nao posso incomodar o Professor com essas coizinhas... ele ja faz Bastante, ao tentar-nos Ensinar. Estar aqui a aguentar-nos. Tudo bem que as vezes agente teima em nao aprender.

Mas, nao consegues mesmo ? Eu ja falei com tantos ministros nossos... sempre tomam nota... depois ja nao sei se 'e por eu nao falar como homem....

ZE CARLOS disse...

Professor:
ate agora os comentarios tem tido piada, nao deixando de conter uma certa critica social e que me fazem sorrir e ate provocam-me uma boa disposicao; no entanto os temas que propoe serem provocadores nao irao ser comentados por quem de facto conhece e sabe como abordar a situacao do futebol mocambicano, pois suponho que os experts nao utilizam este bolg como um gerador de aprendisagem; eu tambem nao sou um especiaista no futebol, mas no meu hoquei em patins posso aqui debater ideias e conceitos, sem nenhum problema; a minha experiencia a nivel do hoquei diz-me que mesclando os dois conceitos o resultado e uma formula triunfante.
Saudacoes
Ze Carlos

ricardo disse...

"...Mas vamos lá. Acho interessante colocar dois temas provocadores, a saber:
1. Moçambicanização do treino de futebol: contra o messianismo externo
2. Cientificação da concepção do futebol: contra a mentalidade chapa100..."

A resposta a essas questoes sintectica:

1-O messianismo externo, nao e necessariamente nao mocambicano. Hilario da Conceicao e Matine provam isso.

Mas adiante, penso que a provocacao nasce do desnivel salarial por exemplo, entre um local e outro estrangeiro. Mas devemos perceber que - quase sempre - a vinda de um estrangeiro e comparticipada, enquanto a contratacao local e integralmente assumida pelo governo ou por carolas. Essa comparticipacao muitas vezes faz-se via acordos de cooperacao. Mas todos nos sabemos que os mesmos, sao em larga medida, ilusorios para Mocambique. Porque a maior parte do peculio e para despesas de representacao e consultoria (neste caso salario do treinador) e quase nada para contemplar o objectivo principal: DESCOBRIR E FORMAR TALENTOS DO DESPORTO. Por essa razao, o trabalho de um estrangeiro equivale-se ao dos locais. Por isso, entendo que antes de responder a provocacao, a questao dos modelos de cooperacao tera de ser necessariamente revista. Uma curiosidade. Um membro do Goveno declarou hoje aos media que "...estavam criadas as condicoes para Martin Nooij ter continuado a frente da seleccao...e que o novo timoneiro - luso-caboverdiano e que tambem vem da escola holandesa de Nooij - tambem ira receber o mesmo que o holandes recebia. Portanto, e um ela por ela, onde se demonstra que a IDA de Nooij NUNCA FOI POR MOTIVOS FINANCEIROS, mas por outros que apenas o governo e a FMF e que saberao explicar, mas que nao deverao andar longe das hipoteses lancadas anteriormente por mim;

2- A ciencia e o futebol e uma inevitabilidade, por todas as razoes que puderem existir ( e ate muitas outras). Porque o futebol transformou-se em: arma de arremesso politica; fonte de alto rendimento economico; barometro social, etc. Portanto, e algo que deve ser cuidado com luvas de pelica. E aqui surge um problema muito comum em Mocambique. Da-se mais voz a emocao, do que a razao, por isso os projectos nao vingam. Por exemplo, e absolutamente normal, um roupeiro chegar a tecnico principal de futebol por causa " dos anos de clube...". Ora essa, ate o porteiro poderia se-lo nesse caso. Ha uma concentracao de tecnicos mais ou menos qualificados na zona sul. No norte, quase nada. Projectos? Havia por exemplo um projecto na provincia de MANICA idealizado por alemaes. Como se sabe, os germanicos tem uma das melhores escolas de futebol, mas desapareceu num "buraco negro" desportivo...e muitos mais exemplos citaria, para demonstrar que o repentismo nao nos leva a lado nenhum. E tudo isso e estranho quanto insolito porque, nunca como dantes houve tantos patrocinadores de peso dispostos a investir no futebol como hoje. Veja-se o caso do campo do 1o de Maio. Hoje e Barclays Stadium.

Finalmente, continuo a achar que o exemplo Camarones deveria ser estudado pelas estruturas do desporto Mocambicano.