Terceiro número da série aqui. Escrevi no número anterior que, face ao desagrado e à surpresa provocados pela atribuição do Nobel de Literatura a Bob Dylan, importa ter em conta dois aspectos: a qualidade da poética de Dylan e a nossa habituação à lógica formal. Vamos ao primeiro aspecto: tenho por hipótese que poucos são os que realmente estudaram e sentiram a escrita, a poesia de Dylan. Ela é extensa e constitui a coluna vertebral do que canta há várias décadas. Em meu entender, é bela e actuante [aqui e aqui] [claro que poesia não se pensa, sente-se]. O que prevaleceu nos críticos - severos alguns - da atribuição do Nobel foi o facto de Dylan não ser unicamente escritor. Melhor ainda: o que prevaleceu foi o facto de a literatura de Dylan servir de suporte permanente ao seu cancioneiro. Os críticos são portadores de uma mentalidade decididamente monofásica.
Sonhadores, os sociólogos sempre procuraram duas coisas: as leis do social e a reforma das sociedades. Cá por mim busco bem pouco: tirar a casca dos fenómenos e tentar perceber a alma dos gomos sociais sem esquecer que o mais difícil é compreender a casca. Aqui encontrareis um pouco de tudo: sociologia (em especial uma sociologia de intervenção rápida), filosofia, dia-a-dia, profundidade, superficialidade, ironia, poesia, fragilidade, força, mito, desnudamento de mitos, emoção e razão.
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