Andamento e corrida fazem parte dos buscadores de saúde em certas estradas da cidade de Maputo. São centenas de pessoas, manhã cedo, fim de tarde, todos os dias, jovens, idosos e meia-idade, homens e mulheres, magros e gordos, na convicção de que estão a produzir saúde. A produção simbólica de saúde também tem a ver com a busca de um determinado estatuto social. Quando se corre ou simplesmente se anda, cruza-se com outros buscadores de saúde. Sente-se, então, pela interface visual, eventualmente pelo cumprimento alegre, que se forma uma espécie empática de clube, de gente da alta, de gente fina. Talvez não seja, afinal, uma má hipótese sustentar que este andar e este correr têm um vincado estatuto de classe, que este andar e este correr pertencem a uma elite, nacional e estrangeira.
Sonhadores, os sociólogos sempre procuraram duas coisas: as leis do social e a reforma das sociedades. Cá por mim busco bem pouco: tirar a casca dos fenómenos e tentar perceber a alma dos gomos sociais sem esquecer que o mais difícil é compreender a casca. Aqui encontrareis um pouco de tudo: sociologia (em especial uma sociologia de intervenção rápida), filosofia, dia-a-dia, profundidade, superficialidade, ironia, poesia, fragilidade, força, mito, desnudamento de mitos, emoção e razão.
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