Adapto uma ideia de Georges Politzer, como segue: um dia compramos sapatos castanhos. Todos os dias os calçamos. Ao fim de algum tempo perguntamo-nos: são os mesmos sapatos que comprei há tempos? A resposta formal da nossa alma é: sim, são os mesmos, são absolutamente os mesmos, mesmo formato, mesma cor, mesmo tudo. Porém, se os sapatos são formalmente os mesmos, são dialecticamente outros: são mais velhos, foram sucessivamente engraxados, as solas são outras, etc. No dia-a-dia, de pessoas e partidos políticos, o pensamento é do tipo dos sapatos-sempre-os-mesmos.
Sonhadores, os sociólogos sempre procuraram duas coisas: as leis do social e a reforma das sociedades. Cá por mim busco bem pouco: tirar a casca dos fenómenos e tentar perceber a alma dos gomos sociais sem esquecer que o mais difícil é compreender a casca. Aqui encontrareis um pouco de tudo: sociologia (em especial uma sociologia de intervenção rápida), filosofia, dia-a-dia, profundidade, superficialidade, ironia, poesia, fragilidade, força, mito, desnudamento de mitos, emoção e razão.
1 comentário:
No que se refere à política, alguns sapatos castanhos-sempre-os- mesmos, chegam a ser AZUIS!
Têm-se testemunhado esta metamorfose em menos de um terço de século em muitas paragens.
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