07 maio 2014

O poder como fardo

Com muita frequência, o poder - esse enorme poder que, através de uma relação política, faz com que certas pessoas tenham o poder de poder determinar, impedir ou atenuar a conduta de outrem - aparece em certos meios como o exercício de um acto de caridade que, porém, tem a servidão de um fardo, de uma actividade penosa, de uma entrega pública que faz sofrer duramente.
Por outras palavras, os gestores desse enorme poder são ideologicamente evacuados da vontade e do prazer de poder poder, a sua enorme apetência de poder é estrategicamente substituída pela caridade desinteressada, pelo martirismo piedoso.
Os guardiãos ideológicos desse disfarce politicamente útil justificam, então, o imperativo moral das mordomias sem perímetro destinadas a premiar o sofrimento.

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