Por ocasião da morte da filha de um amigo, o poeta francês François de Malherbe escreveu em 1592 um poema do qual faz parte a seguinte estância: "Mas...pertencia ao mundo, onde as mais belas coisas/Têm vida curta e vã;/E, rosa, ela viveu o que vivem as rosas:/Uma breve manhã." A blogosfera moçambicana é, hoje, infelizmente, um amontado de rosas de Malherbe. Na verdade, os blogues moçambicanos (muitos deles de autores anónimos) apareceram, viveram algum tempo e depois morreram na sua quase totalidade, num espectro indo dos sérios aos ciberpistoleiros. Restam, aqui e acolá, alguns (muito poucos), regra geral vivendo parasitariamente do copia/copa, limitando-se a reproduzir as mais sensacionalistas notícias dos jornais digitais. No estrangeiro, dois ou três blogues que se ocupam do nosso país, são literalmente um compósito parasitário e deprimente de copia/cola/"mexerica", entre notícias de jornais, mexericos e comentários anónimos (muitos destes intencionalmente fabricados). Com o seu "chat" empático tu-cá-tu-lá, o Facebook (especialmente) matou os blogues moçambicanos, dos sérios (alguns) aos medíocres (muitos). Foto reproduzida daqui.
Sonhadores, os sociólogos sempre procuraram duas coisas: as leis do social e a reforma das sociedades. Cá por mim busco bem pouco: tirar a casca dos fenómenos e tentar perceber a alma dos gomos sociais sem esquecer que o mais difícil é compreender a casca. Aqui encontrareis um pouco de tudo: sociologia (em especial uma sociologia de intervenção rápida), filosofia, dia-a-dia, profundidade, superficialidade, ironia, poesia, fragilidade, força, mito, desnudamento de mitos, emoção e razão.
3 comentários:
Por razões que não cabe aqui explicar, o meu blogue perdeu alguma "frescura" mas não se confunde (nem nunca se confundiu)com a sua afirmação:
"No estrangeiro, dois ou três blogues que se ocupam do nosso país, são literalmente um compósito parasitário e deprimente de copia/cola/"mexerica"
Tem razão.
Caro Prof no estrangeiro as sanguessugas são mais, todas muito "criadoras".
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