São Paulo [2009]
Depois, subitamente, o Mercado Municipal, majestoso edifício cuja história remonta a 1924. Entro, lá dentro imediatamente fixo a sobriedade, as colunas, os vitrais. Aqui é mundo de outra ordem sensorial, de outra ordem de gestão das coisas, de estar na vida. O que há lá dentro? Lá dentro temos, no rés-do-chão (o primeiro andar é dos restaurantes), um extraordinário mundo de fruta, vegetais, proteína e estética do cheiro. Fixo os cheiros, tatuo-me neles, ancoro-me na excepcional combinação de cheiros de todos os tipos, da fruta local ou estrangeira, dos vegetais, dos queijos, dos presuntos, do bacalhau, das comidas das lanchonetes, das múltiplas carnes, dos enchidos, das especiarias, das coisas que nos dão a provar, tudo asseado, nada de cheiros extremos, cada cheiro de cada coisa está unicamente na coisa mestiça de ser, eclética. Nada daquele mundo odorífero está parado, tudo é movimento, eu emigro-me, viajo pelo mundo pelo olfacto sem sair do Brasil e de São Paulo, aqui, onde o mundo vendedor é mestiço: homens e mulheres, de uma cordialidade aberta, mas sóbria, controlada.
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