Com o título em epígrafe, um comentário de Joseph Hanlon no Mozambique 247, com data de hoje: "O recrutamento de três mil pessoas indicadas pelos partidos para a máquina eleitoral vai custar 35 milhões de dólares, afirmou o diretor de Orçamento, Rogério Nkomo, ao programa "O país económico" da STV ("O País" de 24 Março). O maior interesse da Renamo também tem sido garantir emprego aos seus membros e os seus líderes deixaram claro que querem uma parte do dinheiro do gás e do carvão. Se há um ano o governo tivesse oferecido 35 milhões de dólares à Renamo, isso provavelmente teria gerado negociações e Afonso Dhlakama e os seus generais poderiam acomodar-se por 100 milhões de dólares. Isso teria sido barato. A mini-guerra e o reassentamento posterior certamente custarão mais do que isso (tradução minha do inglês, CS)." Recorde o "O País" aqui e ainda Hanlon aqui.
Sonhadores, os sociólogos sempre procuraram duas coisas: as leis do social e a reforma das sociedades. Cá por mim busco bem pouco: tirar a casca dos fenómenos e tentar perceber a alma dos gomos sociais sem esquecer que o mais difícil é compreender a casca. Aqui encontrareis um pouco de tudo: sociologia (em especial uma sociologia de intervenção rápida), filosofia, dia-a-dia, profundidade, superficialidade, ironia, poesia, fragilidade, força, mito, desnudamento de mitos, emoção e razão.
3 comentários:
A redistribuição da riqueza é aquilo que fazemos todos os dias quando pagamos aos arrumadores de carros, os informais e os formalizados. A redistribuição de riqueza feita todos os dias é aparentemente mais barata do que ter de comprar um vidro novo para o carro ou pagar nova pintura da viatura. É sensata do ponto de vista imediatista mas tem um defeito: vicia, institucionaliza o ócio. Convém como esforço de recurso, enquanto se desenham políticas execuíveis de ocupação de pessoas.
Depois da ONUMOZ não houve qualquer esforço tangível a nível da economia para prosseguir e consolidar a reintegração social e socializante dos homens, mulheres e crianças da Renamo. Há ainda quem pense que a Renamo só são guerrilheiros.
PS: O chinês faz coisas pouco duráveis não por falta de capacidade para fazer melhor. É uma estratégia para manter todos os chineses ocupados todos os dias e garantir sempre a circulação de dinheiro. Ao mesmo tempo combatendo o ócio que é um bom combustível para a vagabundagem, um dos piores cancros da sociedade moçambicana.
Guebuza and his henchmen will cash in on coal and gas. Guebuza and his henchmen will make a small gift of money to Dhlakama. And what will Mozambique and its citizens get ?
Eu nao sou cientista social, nem estou para ai virado. No entanto, como auto-didacta, faz-me especie esta tendencia de Hanlon qualificar tudo em termos "financeiros". Senao vejamos:
1- Havia um problema de pobreza no Campo - um dos motivos do enraizamento da RENAMO la - e Hanlon sugeriu: "give money to the poor". Estava lancada a ideia dos 7 milhoes, os quais oficializaram a exclusao social dos "estao connosco e dos que nao estao";
2- Agora, como forma de "domar" a lideranca da RENAMO, a quem Halon havia vaticinado extincao, eis que surge a ideia das financas novamente como placebo politico: "give money to the thugs". E espera-se entao, que como por milagre, entremos numa especie de "affirmative-action" semi-localizado no Buzi e Gorongosa...
Onde e que iremos parar com tanto materialismo no social?
Sinais dos tempos?
Paternalismo?
Enviar um comentário