Filipe, Luísa e Guebuza

Talvez hoje se saiba quem será o candidato da Frelimo às eleições presidenciais marcadas para Outubro. Creio que há duas grandes opções: o engenheiro Filipe Nyussi (45 anos) e a economista Luísa Diogo (56 anos). O primeiro, actual ministro da Defesa, de aparência sóbria e possível alma samoriana, pode ter a seu favor o clima de conflitualidade militar existente no país e, portanto, reunir uma boa porção de votos, acrescendo que nasceu na província-berço da luta armada, Cabo Delgado. A segunda, economista, ex-ministra das Finanças e ex-primeira-ministra, dama de ferro do tipo Margaret Tatcher, tem a seu favor o prestígio internacional em termos dos interesses do Capital, o conhecimento dos meandros dos negócios do país e o facto de ter nascido na província do carvão e das apetecidas royalties, Tete. Provavelmente o vencedor será Filipe Nyussi, contando com os votos dos mais jovens e dos preocupados com a segurança nacional. Mas seria interessante termos, pela primeira vez na história do país, uma candidata presidencial, contando com os votos das mulheres  e de todos aqueles (não são poucos) que amam os negócios. Seja quem for o vencedor (ambos têm interesses empresariais), terá à sua retaguarda a figura tutelar e permanente do presidente do partido, Armando Guebuza, que também tem interesses empresariais. Há que contar, então, com a dialéctica dinâmica do duplo poder. Se o vencedor for Filipe, provavelmente será obediente; se a vencedora for Luísa, provavelmente saberá dizer "não" muitas vezes.
Adenda às 22:19: a informação até agora disponível aponta para uma provável vitória de Filipe Nyussi.