07 dezembro 2013

O boato do tira-camisa e a síndrome de Muxúnguè (9)

---"No terreno, não se constatou quem foi recrutado, onde, como, quando e nem o quartel onde eles estejam a treinar, neste momento. Estas cinco evidências não são comprovadas.”
---"No terreno, a nossa equipa de reportagem interpelou muitos jovens sobre o assunto, no entanto, ninguém conseguiu apresentar prova desta informação, limitanto-se apenas a afirmar que circulava informação de que muitos jovens estavam a ser recrutados para tropa."
---"Se as pessoas definem certas situações como reais, elas são reais em suas conseqüências."
Nono número da série. Terceiro número do sumário apresentado aqui3.Obstinada fé compensatória. Um boato é mais do que a crença numa informação lacunar, carente de bases concretas, é mais do que o resultado de uma informação deficiente.
Na verdade, o boato é um exercício de fé obstinada e compensatória. Em que sentido? No sentido de que (1) faz da crença um princípio coerente e racionalizador da acção e (2) compensa por excesso, por emoção, o que realmente não se sabe nem, afinal, se quer saber ou se precisa de saber.
E quanto mais condenado for, mais o boato se robustece, se agudiza, como se as pessoas precisassem da condenação para se sentirem mais seguras na crença. Eliminar essa crença, eliminar o boato, é eliminar a fé colectiva na verdade de algo, é eliminar uma certeza mesmo se objectivamente falsa. A esse nível, basta conferir a veemência de certas pessoas nas entrevistas e nas redes sociais.
Se não se importam, prossigo mais tarde.
(continua)

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