15 dezembro 2013

O boato do tira-camisa e a síndrome de Muxúnguè (17)

---"No terreno, não se constatou quem foi recrutado, onde, como, quando e nem o quartel onde eles estejam a treinar, neste momento. Estas cinco evidências não são comprovadas.”
---"No terreno, a nossa equipa de reportagem interpelou muitos jovens sobre o assunto, no entanto, ninguém conseguiu apresentar prova desta informação, limitanto-se apenas a afirmar que circulava informação de que muitos jovens estavam a ser recrutados para tropa."
---"Se as pessoas definem certas situações como reais, elas são reais em suas conseqüências."
Décimo sétimo número da série. Décimo ponto do sumário apresentado aqui10. Inquietação social, predisposição à crença ilimitada e efeito multiplicador. O boato foi produto dos factores sugeridos. Mas foi, sobretudo, fermentado e nascido em meio a uma grande e multifacetada inquietação social, que paga uma grande factura ao desejo de uma vida estável e sem medos.
Isso é especialmente importante lá onde, nos bairros periféricos das cidades do país, vivem muitos jovens desempregados, muito próximos uns dos outros.
Nesse meio social, é fácil acerditar em algo e dotar certos fenómenos de um efeito libertador e catártico, é fácil irradiar rapidamente as mais diversas crenças. Queimar pneus, queimar carros, pode significar também queimar o social presente e o medo do futuro, social presente e medo do futuro cristalizados na presença musculada e permanente da FIR.
Fenómenos objectivamente falsos tornam-se subjectivamente sentidos como verdadeiros.
Se não se importam, prossigo mais tarde.
(continua)

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