06 dezembro 2013

O boato do tira-camisa e a síndrome de Muxúnguè (8)

---"No terreno, não se constatou quem foi recrutado, onde, como, quando e nem o quartel onde eles estejam a treinar, neste momento. Estas cinco evidências não são comprovadas.”
---"No terreno, a nossa equipa de reportagem interpelou muitos jovens sobre o assunto, no entanto, ninguém conseguiu apresentar prova desta informação, limitanto-se apenas a afirmar que circulava informação de que muitos jovens estavam a ser recrutados para tropa."
---"Se as pessoas definem certas situações como reais, elas são reais em suas conseqüências."
Oitavo número da série. Termino o segundo número do sumário apresentado aqui2. Teorema de Thomas e estrutura viral de um duplo boato. Mas surgiu um segundo rumor, o do título atribuído ao protesto, a saber: “tira camisa”. Surgiu nos bairros populares da periferia da cidade da Beira e no Dondo? Não, pois aqui a frase padrão era esta: “Não queremos ir à tropa”, dita em português. Onde surgiu, então, a frase “tira camisa”? Em certos jornais digitais e, em particular, em certos blogues de copia/cola/”mexerica” e nas redes sociais. A hipótese é a de que com essa frase pretendeu-se resgatar a imagem acusadora dos recrutamentos feitos nos anos 80 que contemplavam a obrigatoriedade de os recrutados tirarem as camisas.
Ambos os boatos espalharam-se rapidamente, viralmente, como fogo em capim.
Porém, à retaguarda do primeiro tipo de boato existem outros tipos de fenómenos que requerem maior profundidade analítica, o que se tentará mais à frente. Antes de aí chegar, mais algumas questões.
Se não se importam, prossigo mais tarde.
(continua)

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