05 dezembro 2013

O boato do tira-camisa e a síndrome de Muxúnguè (8)

---"No terreno, não se constatou quem foi recrutado, onde, como, quando e nem o quartel onde eles estejam a treinar, neste momento. Estas cinco evidências não são comprovadas.”
---"No terreno, a nossa equipa de reportagem interpelou muitos jovens sobre o assunto, no entanto, ninguém conseguiu apresentar prova desta informação, limitanto-se apenas a afirmar que circulava informação de que muitos jovens estavam a ser recrutados para tropa."
---"Se as pessoas definem certas situações como reais, elas são reais em suas conseqüências."
Oitavo número da série. Prossigo no segundo número do sumário apresentado aqui2. Teorema de Thomas e estrutura viral de um duplo boato. O que terá havido? A presença constante, aqui e acolá, de viaturas militares e de soldados. Um boato do género “estão a recrutar” deve ter sido lançado por exemplo num mercado e, rapidamente, como bola de neve, como um rastilho, deu origem à associação instintiva das viaturas militares e dos soldados com a memória reactivada do envio em Novembro do ano passado para o centro de instrução militar de um grupo de mancebos legalmente recrutados.
Nasceu, assim, o boato, o rumor popular do recrutamento compulsivo, surgiram, assim, as manifestações, nasceu assim a cólera, o protesto violento.
Se não se importam, prossigo mais tarde.
(continua)

1 comentário:

nachingweya disse...

Esta lógica convém,sem dúvida, às titubiantes explicações dos porta-voz (como se forma o plural de porta-voz na acepção de que a voz é uma única e os seus portadores vários?Ou também parecem muitas as vozes?...)do MDN. Outro factor é que já passavam quase 20 anos sem circulação de meios de guerra nas cidades, estavamos em paz(até quarteis se convertiam em universidades, o que é de elogiar) e, de repente, o Estado armou-se. Em terra, ar e mar!
Evidente que tinha de fabricar um inimigo para demonstrar a viabilidade do projecto. O Dhlakhama em Gorongosa servia muito bem para essa intenção belicista do(s) governante(s).
Como disse ontem o Sr Chume ninguém pode permanecer em parte incerta por tanto tempo. Nao será boato que Dhlakama está em parte incerta? Não terá já uns palmos de terra encima? É que como muitos de nós, ele, Dhlakhama pensava que estavamos em paz e só tinha na agenda a questão da paridade na lei eleitoral enquanto o Governo desviava os nossos impostos para aquisição de armas.
Em vez de aumentar os salários dos médicos, ou apenas pagar a tempo os servidores da função publica.
Se o que se passou na Beira é apenas boato o ambiente politico-militar que o governo instalou propicia a 'autenticação' dessa mentira.
Nao ver isso é o mesmo que dizer: 'As árvores não me deixam ver a floresta' [sic?]
Isso é não querer ver a floresta.