Sétimo número da série. Ainda na segunda questão, das quatro que coloquei, regressando ao segundo respondente, a saber:
Carlos Serra: Terão os espaços livres influência no desenvolvimento das capacidades físicas e lúdicas das crianças e dos jovens?
Mussá Tembe (mestrado em Desporto para Crianças e Jovens, técnico do Departamento de Desporto Escolar do Ministério de Educação): Coloca-me uma questão, cujo debate para os fazedores do desporto data a partir do momento em que, na cidade de Maputo, por exemplo: se destruiu o campo de futebol da Pendray e Sousa; foram construídos grandes edifícios que se encontram na Av. 25 de Setembro; transformaram em mercado o Campo de Xipamanine; ocuparam o espaço futebolístico da CETA, dando origem à via rápida e ao Centro de Saúde de Xipamanine; desapareceu o famoso Xicampanine, na Mafalala; os espaços livres que foram usados para momentos de lazer e formação informal dos grandes jogadores, na então cidade de Lourenço Marques, não foram substituídos. Se ganhamos imponentes edifícios que embelezam as diferentes artérias da cidade, outras há que não deixam prazer de lá voltar, pelo estado de degradação e miséria que apresentam. E, assim, não temos mais António Matxemetxe, Eusébio de Silva Ferreira, Madala Gaíza, Abdul Remane e tantos outros. Os espaços livres contribuíram e influenciaram de forma decisiva, porque neles os jovens iniciavam-se em várias modalidades desportivas. Era lá onde apareciam os olheiros de diferentes clubes a convidar os mais talentosos para a integração desta ou aquela modalidade, no seu clube. Durante muito tempo as escolas foram construídas sem espaço de recreio ou prática de desporto e argumentava-se que o projecto não previa. Essas crianças, algumas iniciaram a sua carreira desportiva tarde e outras nunca quiseram experimentar o esforço físico, cuja agravante é encontrar professores do ensino básico que usam as aulas de Educação Física para a recuperação de outras disciplinas (motivo desta série aqui, cartun reproduzido daqui).
(continua)
3 comentários:
A alternativa a eliminacao dos terrenos baldios e a criacao de academias desportivas onde todas as componentes de educacao desportiva e formacao do homem estejam presentes. Quero so lembrar que a Republica Unida dos Camaroes, tem o mesmo numero de campos relvados que Mocambique. O mesmo numero de equipas na I Divisao de Futebol. E ate, a mesma extensao territorial de Mocambique e rede viaria e ferroviaria. Mas ha uma diferenca. Eles la tem uma UNIVERSIDADE especializada em Futebol. E outras tantas escolas desportivas em outras modalidades, quase todas concentradas em Yaounde ou Douala. E la o viveiro do novos talentos do futebol mundial.
Tudo isto porque a politica desportiva nos Camaroes tem como fim gerar receitas para o Estado a par do petroleo e gas natural. Exportam-se activos desportivos (jogadores) para o Primeiro Mundo que por sua vez amplificam sua imagem e talento na mass-media. E ganha-se dinheiro com isso.
http://www.record.xl.pt/Futebol/Internacional/interior.aspx?content_id=777331
É a mesma coisa que os edifícios históricos da baixa de Maputo. Quem se importa com isso?
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