19 outubro 2012

Futebol moçambicano: qual o caminho das vitórias? (5)

Quinto número da série. Ainda na primeira questão, agora com o segundo respondente, a saber:
Carlos Serra: Em que é que uma concepção sistemática de desenvolvimento motor adequado poderá contribuir para termos jogadores de outra matriz?
Mussá Tembe (mestrado em Desporto para Crianças e Jovens, técnico do Departamento de Desporto Escolar do Ministério de Educação): Muitas vezes não se conhece a proveniência dos jogadores que aparecem nos clubes. Vários jogadores usam idade falsa, competem com jovens mais novos, parecendo estarmos perante um talento e quando jogam com indivíduos da mesma idade, o seu rendimento deixa a desejar. A organização do nosso desporto deve estar virada para as camadas mais jovens para as "armar" com um riquíssimo vocabulário motor que possa mais tarde desembocar na arte e na magia de se imporem no desporto e, no caso concreto, no futebol. Essa acção encontraria um espaço primário nas aulas de Educação Física, no ensino básico, através de jogos tradicionais e brincadeiras. Nas escolas públicas, os gestores não são sensíveis ao desenvolvimento motor e não são capazes de oferecer actividades que concorram para o efeito. Urge: uma formação de professores de Educação Física mais consistente e um cumprimento integral dos programas no nível básico; tornar os centros internatos estatais ou comunitários em autênticos centros de excelência desportiva e não só. Estruturalmente, o desporto está mal estruturado e deve-se: tomar medidas para que todas as equipas tenham escolas de jogadores e os respectivos escalões; estimular e apoiar a existência de escolas de jogadores em diferentes modalidades, colocando professores de reconhecido contributo na organização desportiva; aumentar o volume anual de jogos em todas as idades, em particular nas idades inferiores para que lhe possa atribuir maior desempenho ou quando estes chegam a categoria dos seniores; organizar um quadro de competição mais competitivo e diversificado que possa incluir jogos de aferição com equipas congéneres da zona;  formar equipas de trabalho que inclua um técnico de formação superior em Educação Física e Desporto; tomar medidas para o enquadramento dos alunos que se notabilizam nos jogos desportivos escolares.  Motivo desta série aqui, cartun reproduzido daqui.
(continua)

1 comentário:

Salvador Langa disse...

Seguindo com atenção. mas o pessoal quer é remédios rápidos, tira-se o treinador e prontos.