17 abril 2011

Problemas do biografismo e do daltonismo (3)

O fim desta curta série.
A detenção de Laurent Gbagbo na Costa do Marfim deu origem a um intenso exercício de biografismo, de dissecação da sua vida, esmiuçada até aos pormenores mais comezinhos, tal como tem acontecido com Qaddafi da Líbia.
Mas não é só o biografismo que estruturou e estrutura as análises correntes, é, também, o daltonismo.
O daltonismo remete para um campo ético rigoroso, o campo dos bons e dos maus. Assim, o lado bom é suposto habitar a corte do ex-funcionário do Fundo Monetário Internacional, Alassane Ouattara, e o lado mau, a corte do ex-professor de história, Laurent Gbagbo. Na corte dos bons é suposto habitar também o grande obreiro das operações militares que conduziram à detenção de Gbagbo, a França, antiga potência colonial, actual potência neocolonial.
Então, terminando de forma perversa: a cada um segundo o seu prisma, a cada um segundo as suas necessidades.
(fim)

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