13 abril 2011

Aprendizagem

Como foi amplamente divulgado pela imprensa, a Força de Intervenção Rápida reprimiu violentamente grevistas de uma empresa de segurança. Em lugar de analisar a repressão como produto emocional e individual de momento, o jornalista Salomão Moyana viu nela o produto de uma aprendizagem: "(...) aquela actuação brutal da FIR reflecte o que se lhe ensina no quartel. Aquela Polícia não faria o que não aprendeu. Por isso, aquele tipo de actuações selváticas reflecte, em parte, a ideologia que se lhes incute no dia a dia, o que é claramente lamentável saber-se que ainda existem dirigentes do Estado que preparam polícias de elite para matar o seu próprio povo, em pleno Estado de Direito" (editorial do "Magazine Independente" de 13/04/2011, p. 7).

8 comentários:

Nelson disse...

Penso que é bastante selectiva, convenientemente selectiva, a forma com se aborda esse assunto. A inequívoca brutalidade dos agentes da polícia sobrepondo todos outros elentos que na minha modestíssima opnião, precisam ser levados em consideração. Pouco ou quase nada se fala por exemplo, do comportament "vándalo" dos manifestantes que com actos que não se podem abonar, foram além de reivindicar os seus legítimos direitos, igualmente pouco ou nada se fala do patronato, a verdadeira origem do barulho.

Salvador Langa disse...

Grande jornalista o Moyana.

Anónimo disse...

Este nao foi um caso isolado. A FIR foi sempre brutal. Alias, parece que foi para tal que elas existem. Sempre condenamos a actuacao das entao forcas racias da Africa do Sul pela sua brutalidade e hoje estamos aqui a tentar justificar os mesmos actos macrabros? me desculpem, brutalidade e sempre brutalidade seja ele praticado por nos ou pelo vizinho e e sempre condenavel. Nao venhamos, porque nos convem, justificar que foi por justa causa.

Nelson disse...

"e hoje estamos aqui a tentar justificar os mesmos actos macrabros". ANÓNIMO

Eu penso que não se trata de "justicar" seja lá oque for, afinal nenhuma brutalidade é justificável. Eu só gostava que não perdessémos de vista as outras partes(igualmente brutalidades injustificáveis) que fazem o todo desse assunto. Não vamos cá ficar só pela brutalidade. Olhando a coisa com a cabeça fria não tenho dúvidas que se a G4S não andasse em malandrisse com os direitos legítimos dos trabalhadores, esses não se fariam à rua em manifestação e a bruta polícia não teria que intervir. Pode ser até lógico que nos centremos no agir da polícia mas há que olhar para o resto.

"O problemas da Costa de Marfim não era só Gbagbo"

ricardo disse...

A FIR e um forca que foi concebida e desenhada de acordo com os principios da Volkspolizei-Bereitschaften (VPB) da antiga RDA. Mas a questao fulcral que Moyana levanta tem a ver com a IDEOLOGIA que configura a ordem de combate desta forca, e por que nao dizer, de todas as forcas militarizadas de Mocambique, que imanam da Frente de Libertacao de Mocambique, que como se sabe, foi um movimento de libertacao de ideologia marxista-leninista.

Levando-me a evidente conclusao que nada sera diferente, enquanto a base ideologica se mantiver. Todas mudancas, consultorias, exercicios conjuntos, nao passam de mera cosmetica. Sao como um verniz que dura ate que caia a primeira gota de agua.

Disse

Anónimo disse...

Ao Sr Nelson e a todos os que defendem as acções brutais da policia:

O trabalho da policia em qualquer pais é desactivar, neutralizar o "bandido" e nao puni-lo na via pública. A punição cabe aos tribunais que julgam estas acções. E o que fez a FIR é uma completa violação do seu mandato. Andar a distribuir pauladas a todo o mundo...
Isto cheira a intimidação.

E é mais grave porque aqueles senhores da G4S nao sao nenhuns bandidos, estavam apenas a reivindicar seus (magros) direitos que certamente já teriam sido comunicadas às chefias por outras vias. E a chefia nao lhes deu atenção. A FIR, Sr Nelson foi lá defender o patronato (os verdadeiros donos do problema) e nao aos trabalhadores.

Finalmente, isto foi o que se viu. E o que nao se ve... e acontece pelas noites fora...

Na verdade e em paises civilizados o chefe daqueles ... (nao sei que nome lhes dar) ter-se-ia demitido. Mas aqui...


Maria Marrengula

Anónimo disse...

Uma vez mais... O professor colocou num destes seus posts um tema interessante que ninguem comentou... Foi sobre a violencia silenciosa que se tem criado sobre muitas pessoas. Neste caso, os trabalhadores da G4S tem vindo a ser submetidos a uma violencia silenciosa dia a dia, atraves da violação pacifica e sistemática dos seus direitos... De repente, se revoltam. assim, do nada... como se um dia tivessem acordado mal dispostos e do nada se rebelassem (como que a geração espontanea da vida...). Ja esgotaram todos os recursos, ja falaram nos corredores, ja foram falar com o patronato. Ninguem os ajuda, nem mesmo os sindicatos... nem os jornais a que nao tem acesso (seja por ignorancia ou por outra causa qualquer). Como podem eles mostrar a sua frustração? Como podem eles fazer ver que têm problemas, para nao chegarem a estes extremos?
Nao será que temos um defice de diálogo e nao falo so desta empresa mas sim de uma maneira mais geral?

Maria Marrengula

Nelson disse...

Cara Maria Marrengula, começo a duvidar que tenha lido e entendido os meus dois curtos comentários pois se os lesse e entendesse, perceberia que em momento algum defendo o agir da FIR, tanto que no segundo comentário afirmo que "nenhuma brutalidade é justificável" portanto havendo "os que defendem as acções brutais da policia" não faço parte deles. Eu defendo e insisto em defender a necessidade de olharmos para outros pedaços do puzzle, coisa que a cara Marengula faz e bem, ao nos chamar atenção em relação à "violencia silenciosa" a que os trabalhadores do G4S eram dia a dia submetidos.